Associação faz campanha no Recife para sensibilizar pais a registrarem filhos nesta sexta (9)
A ação vai acontecer das 7h30 às 10h, no cruzamento da Av. Norte com o Vasco da Gama, Zona Norte do Recife
A Associação Pernambucana de Mães Solteiras (Apemas) realiza, nesta sexta-feira (9), a panfletagem da campanha "Paternidade Direito de Todos & Todas". O objetivo da ação, que acontece em alusão ao Dia dos Pais, comemorado no domingo (11), é sensibilizar homens a registrar, por mais que tardiamente, seus filhos.
A ação vai acontecer das 7h30 às 10h, no cruzamento da Av. Norte com o Vasco da Gama, Zona Norte do Recife. Está prevista a participação do Grupo Cultural Cupim de Ferro, que estará presente com a Ciranda Santa'nna animando e atraindo os pedestres.
"Essa panfletagem é muito importante para nós da associação porque enquanto existe uma boa parcela da sociedade que comemora o Dia dos Pais com o pai presente, tem também quem infelizmente não tem esse mesmo direito. Então vamos tentar acordar e sensibilizar os pais para a função paterna. Eles precisam entender que essas crianças sentem falta deles. Que eles precisam mudar esse quadro de crianças sem o nome do pai na certidão", explicou a fundadora e presidente da Associação, Marli Marcia da Silva.
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Dados - e realidade - alarmantes
De acordo com dados da escritora e pesquisadora Dra. Ana Liesi Thurler, existem mais de 20 milhões de pessoas no país sem o nome do pai nas certidões de nascimento.
Apenas em 2023, 172,2 mil recém-nascidos no Brasil não tiveram registro paterno. A quantidade 5% maior do que o registrado em 2022, de 162,8 mil, segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).
Esses números refletem apenas um pouco do que é vivido em milhões de lares brasileiros. A ausência paterna pode afetar diversos setores da vida de uma criança. Do desenvolvimento pessoal, social e cognitivo, até as lembranças que nunca puderam ser vividas, as risadas ou até mesmo lágrimas trocadas.
Uma das pessoas afetadas por essa realidade foi Welington Augusto Parins. Hoje com 53 anos, o porteiro nunca foi registrado. Unido ao trabalho da associação, no entanto, ele pode ter a oportunidade de conhecer o pai, que reside no Rio de Janeiro, mas que está disposto a se encontrar pessoalmente com o filho.
"Fui criado pela minha mãe e meu padrasto. Comecei a conversar com meu pai já um pouco mais velho, com 12 ou 13 anos. Hoje em dia a gente tem um relacionamento melhor. Conversamos todo dia. Ele mostrou esse interesse de me registrar agora. Quem esperou esses anos todos não vê problema de esperar mais. Só não sabemos a data ainda que ele vai vir, mas tudo isso deve acontecer em breve", disse.
Para ele, ações com essa campanha da associação são importantes por justamente levantarem esse debate para que mais pessoas possam ser contempladas e amparadas. "Se eu estou sendo registrado, mais pessoas podem ser registradas também. Essa campanha é importante por isso", disse.
"Aproveito também para aconselhar a mulher que, caso o homem não queira registrar o filho, ela pode acionar a Justiça. As crianças não podem pagar um preço tão alto pelo machismo. Paternidade não prescreve. É um direito que perdura", finalizou Marli.