Canadá alerta residentes LGBTQIA+ sobre riscos de viagem aos EUA
Governo canadense criou seção específica em aviso de viagens ao país vizinho, destinada à comunidade LGBTQIA+, alertando sobre possibilidade de discriminação
O Canadá emitiu um alerta aos seus residentes LGBTQIA+ sobre os riscos de visitar determinadas regiões dos Estados Unidos, após a aprovação de leis e políticas públicas que, segundo Ottawa, podem afetá-los diretamente. A recomendação do governo canadense não cita diretamente estados ou leis específicos, mas aborda a possibilidade de discriminação e assédio no país vizinho.
O alerta foi incluído no aviso do governo canadense sobre viagens aos EUA. Uma seção específica para cidadãos LGBTQIA+ foi adicionada ao documento, recomendando que eles busquem se informar sobre leis estaduais e locais antes de embarcarem para o país.
Os países sujeitos aos avisos de viagem do Canadá para pessoas LGBTQIA+ incluem o Irã e a Líbia, embora esses avisos sejam muito mais explícitos sobre os riscos que os visitantes enfrentam, incluindo a prisão ou a pena de morte. No caso dos EUA, a recomendação leva o usuário para uma página on-line com recomendações gerais, que incluem a potencial de dificuldade de acesso aos cuidados para transgêneros e a possibilidade de discriminação e assédio.
“Você pode enfrentar certas barreiras e riscos ao viajar para fora do Canadá”, afirma a página de conselhos gerais. “Pesquise e prepare-se para sua viagem com antecedência para que sua viagem corra bem.”
Justin Trudeau e seu gabinete tornaram a defesa dos direitos LGBTQIA+ parte da política externa do Canadá e não se esquivou de enfrentamentos em momentos embaraçosos, como a defesa da posição da sua homóloga italiana, Giorgia Meloni, sobre os direitos dos homossexuais na cúpula do Grupo dos Sete no início deste ano.
Na terça-feira, a vice-primeira-ministra Chrystia Freeland disse que apoia a decisão de atualizar o comunicado de viagens.
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- Todo governo canadense, incluindo o nosso governo, precisa colocar no centro de tudo o que fazemos os interesses e a segurança de cada canadense - disse ela aos repórteres em New Brunswick. - É isso que estamos fazendo agora. É isso que sempre faremos.
Debate interno e externo
Embora não cite nenhuma lei específica, uma série de medidas restritivas à populações LGBTQIA+ foram aprovadas nos EUA. Na Flórida, o governador republicano Ron DeSantis assinou uma série de leis, incluindo restrições aos cuidados de saúde para transgêneros, conteúdo sobre orientação sexual e identidade de gênero nas escolas, uso de banheiro por transgêneros e shows de drag no estado.
Outros estados, incluindo Tennessee, Montana e Arkansas, apresentaram projetos de lei que proíbem apresentações de drag em público, embora estes tenham enfrentado contestações judiciais ou tenham sido diluídos pelos legisladores.
Contudo, o Canadá não escapa do debate sobre as questões de gênero. O país enfrenta um debate interno sobre os direitos das crianças transgênero nas escolas, com os líderes conservadores a expressarem cada vez mais preocupações.
O primeiro-ministro de Saskatchewan, Scott Moe, sinalizou que planeja seguir o primeiro-ministro de New Brunswick, Blaine Higgs, ao exigir que as escolas obtenham permissão dos pais antes de permitir que alunos menores de 16 anos mudem seus pronomes ou nomes.