Canadá convoca embaixador chinês e avalia expulsão de diplomatas
O deputado conservador Michael Chong e sua família, que vivem em Hong Kong, estão sob pressão por suas críticas a Pequim
O Canadá convocou, nesta quinta-feira (4), o embaixador da China no país para discutir as acusações de intimidação de Pequim contra um deputado canadense que criticou o regime chinês, e avalia a possibilidade de expulsar diplomatas do gigante asiático.
"Minha vice-ministra se reuniu com o embaixador chinês, nós o convocamos", declarou à ministra de Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joly, perante uma comissão parlamentar.
"Estamos avaliando diferentes opções, inclusive a expulsão de diplomatas", acrescentou a chanceler.
O deputado conservador Michael Chong e sua família, que vivem em Hong Kong, estão sob pressão por suas críticas a Pequim.
Leia também
• Brasil voltará a exigir visto de cidadãos de EUA, Canadá, Austrália e Japão em outubro
• Descobrindo Canadá: paisagens e principais pontos turísticos do país do norte
• Acordo encerra greve de maioria de funcionários públicos no Canadá
O jornal Globe and Mail publicou uma reportagem na segunda-feira afirmando que Ottawa havia feito vista grossa à intromissão de Pequim nos assuntos canadenses.
Citando documentos confidenciais e uma fonte de segurança anônima, o jornal reportou que a agência de inteligência da China planejava sancionar Chong e seus parentes em Hong Kong por votarem em fevereiro de 2021 por uma moção condenando e classificando a conduta de Pequim em Xinjiang como genocídio.
O objetivo era "certamente dar uma lição a este parlamentar e desencorajar outros parlamentares de adotarem posturas antichinesas", de acordo com um documento do Serviço de Inteligência de Segurança Canadense (CSIS, sigla em inglês).
Um funcionário diplomático do consulado chinês em Toronto estaria envolvido no caso.
"Esta pessoa deve ser declarada 'persona non grata' imediatamente", disse Chong a repórteres em Ottawa na quarta-feira.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, enfrenta uma pressão crescente para adotar uma linha dura em relação a Pequim, após revelações de que a China tentou influenciar os resultados das eleições de 2019 e 2021 no Canadá.
As alegações, que Pequim negou, foram o foco de audiências de comitês parlamentares e investigações do órgão eleitoral canadense.
A polícia federal também desmantelou várias delegacias chinesas ilegais no Canadá, supostamente criadas para assediar expatriados chineses.
Em resposta às acusações de Chong, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou: "A China sempre se opôs a qualquer país que interfira nos assuntos internos de outros países".
"Nunca tivemos e não temos interesse em interferir nos assuntos internos do Canadá", acrescentou.