Canadá libera ponte na fronteira com EUA após bloqueio contra medidas anticovid
Bloqueio de manifestante na ponte durou sete dias
A ponte Ambassador, passagem de fronteira crucial entre Canadá e Estados Unidos, foi reaberta ao tráfego após sete dias de bloqueio por manifestantes contrários às medidas anticovid-19 e depois de uma operação policial que terminou com quase 30 detenções.
O bloqueio da ponte que une a cidade canadense de Windsor à cidade americana de Detroit, por onde passa quase 25% do comércio entre os dois países, obrigou as montadoras de automóveis dos dois lados da fronteira a interromper ou reduzir a produção.
"A ponte Ambassador está agora totalmente aberta, permitindo novamente o livre fluxo comercial entre as economias canadense e americana", informou a empresa em um comunicado. O bloqueio afetou a indústria automotiva dos dois lados da fronteira.
O Serviço de Fronteira do Canadá confirmou a reabertura, mas indicou que não recomenda viagens não essenciais.
A polícia do Canadá liberou a ponte estratégica durante o domingo. Os agentes efetuaram diversas detenções ao longo do dia e desobstruíram a rodovia que segue até a Ponte Ambassador, mas os veículos só voltaram a transitar nesta segunda-feira.
A força de segurança prometeu "tolerância zero" para atividades ilegais na província de Ontario.
Liz Sherwood-Randall, conselheira de Segurança Nacional do presidente americano, Joe Biden, elogiou "os esforços decisivos da força pública (canadense) ao longo da fronteira para conseguir a suspensão completa de todos os bloqueios".
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Na semana passada, Washington pressionou Ottawa e pediu o uso dos "poderes federais" para pôr fim ao bloqueio com "sérias consequências" para a economia americana, devido à importância do comércio que circula pela ponte.
O prefeito da cidade vizinha de Windsor comemorou que "a crise econômica nacional na ponte Ambassador tenha terminado", frente ao alto custo financeiro do bloqueio.
O bloqueio causou transtornos para a indústria automotiva dos dois lados da fronteira. Mais de 25% das mercadorias comercializadas entre Estados Unidos e Canadá passam por esta ponte.
Repúdio às medidas sanitárias
O movimento de protesto contra as medidas sanitárias inspirou iniciativas similares em outros países.
Na França, por exemplo, cerca de 1.300 veículos vindos de todo o país participaram dos comboios contra o passaporte sanitário e fizeram escala perto da cidade de Lille (norte) rumo a Bruxelas, onde pretendem protestar na segunda-feira, apesar da proibição das autoridades belgas.
Milhares de pessoas contrárias ao passaporte sanitário ou ao presidente francês, Emmanuel Macron, concentraram-se em Paris para protestar ali no sábado, batizando seu movimento de "Comboios da Liberdade", assim como a mobilização canadense.
No Canadá, o movimento, que entra na terceira semana, começou com uma mobilização de caminhoneiros contrários à obrigatoriedade de se vacinarem para cruzar a fronteira entre Canadá e Estados Unidos, mas as reivindicações acabaram incluindo a rejeição ao conjunto de medidas sanitárias adotadas e até a gestão do governo do primeiro-ministro, Justin Trudeau.
As manifestações prosseguiram do domingo em várias do país, entre elas Toronto e Montreal, e outros eixos fronteiriços continuavam bloqueados, nas províncias de Manitoba e Alberta.
Ottawa estava paralisada desde o fim de janeiro. Muitos manifestantes protestaram no centro da capital canadense neste domingo, quando contramanifestantes irritados tentaram conter um dos comboios que chegou para se somar à mobilização.
Antes da liberação da ponte, o ministro da Proteção Civil, Bill Blair, mostrou-se muito crítico à polícia de Ottawa, considerando "inexplicável" que a falta de capacidade para restabelecer a ordem.
"A polícia deve fazer seu trabalho e aplicar a lei na cidade", disse Blair à emissora CBC.
Ele também disse que "o governo federal está disposto a fazer tudo o necessário para retomar o controle da situação e restabelecer a ordem", em uma declaração que parece marcar uma diferença de tom sutil por parte das autoridades.
Consultado sobre a possibilidade de pedir para o exército ajudar a restabelecer a ordem, Trudeau declarou na sexta-feira que esta seria "uma solução de último, último, último recurso".