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Olinda

Canal do Fragoso transbordou com chuvas, dizem moradores; governo nega e aponta problema de drenagem

Últimas chuvas na RMR causaram transtornos à vizinhança do Rio Fragoso

Ponto crítico: rio Fragoso tem histórico de transbordar em época de chuvas mais intensas e frequentesPonto crítico: rio Fragoso tem histórico de transbordar em época de chuvas mais intensas e frequentes - Foto: Melissa Fernandes/Folha de Pernambuco

As chuvas que atingiram a Região Metropolitana do Recife (RMR) na última quarta-feira (24) trouxeram à tona uma série de problemas estruturais que costumam se repetir em tempos chuvosos. Em Olinda, um dos pontos críticos é o Rio Fragoso, que voltou a transbordar e causar transtornos aos moradores do bairro de Jardim Atlântico. 

Por meio das redes sociais, a Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab) e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), ambas vinculadas ao Governo de Pernambuco, afirmam que “não houve transbordamento da calha nos trechos limpos e alargados da obra e nem mesmo naqueles onde ainda é necessário a continuidade dos trabalhos”. No entanto, moradores do entorno afirmam o contrário. 

O jardineiro Valdir de Souza, 59, que mora às margens da obra, diz que a água chegou a entrar em sua casa. “O canal transbordou, sim. Não passava carro, nem moto. É uma situação que já vem de muito tempo, sempre que chove vira um açude aqui nessa região”, disse. Outros moradores confirmaram a versão de Valdir e afirmaram que houve alagamento entre as ruas Professor Olímpio Moraes e Catulo da Paixão Cearense. 

Questionada sobre os alagamentos, a Seduh/PE afirmou que o acúmulo de água na região citada foi causado por “outro problema que é comum nas vias da RMR, a drenagem”. “A gente detectou alguns pontos de alagamento, mas eles são referentes a problemas de drenagem que o município enfrenta, não estão relacionados ao canal”, disse Simone Nunes, secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação. 

A gestão estadual, responsável pelas obras do Canal do Fragoso, afirma que foram realizados, no início de maio, trabalhos de limpeza como ação preventiva para evitar inundações e que tais ações surtiram efeito. A Prefeitura de Olinda também afirmou que equipes da "Operação Inverno" atuaram, ao longo da quarta-feira (24), na limpeza do canal.

“O governo do Estado deve terminar até o final da próxima semana a retirada de todas as baronesas do rio, temos feito voos com drones para monitorar e identificar as áreas que precisam de limpeza. Nós identificamos, ainda no início da gestão, que os locais que transbordavam tinham baronesas e elas influenciam diretamente nesse problema”, comentou a secretária Simone Nunes.  

“Mesmo em obra, a parte alargada já opera trazendo um efeito positivo para a população”, completou. 

Segundo um boletim meteorológico da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), Olinda acumulou 65,7mm de chuvas entre terça (23) e quarta-feira (24), valor considerado baixo.

Andamento da obra
De acordo com a secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Simone Nunes, não é possível cravar uma data de conclusão da obra, que já se arrasta por mais de uma década e ultrapassou em sete anos a previsão inicial de conclusão, que era 2016. Entretanto, a titular da pasta afirmou que, caso o processo licitatório relativo à última etapa das obras transcorra sem problemas, o governo trabalha com a perspectiva de entregar o canal pronto em 2024. A obra também demanda, segundo a secretária, investimentos na casa dos R$ 100 milhões. 

“A publicação da fase final das licitações envolvendo a obra devem sair até o fim do primeiro semestre deste ano. Acreditamos que, se der tudo certo com a licitação, poderemos entregar a obra em 2024 à população olindense e de Paulista. No entanto, não podemos cravar uma data”, disse a secretária. 

Segundo Simone Nunes, outra pendência é a desapropriação de casas localizadas em áreas afetadas pelas alterações previstas no projeto. O governo do estado diz que, ainda, que todas as famílias já foram abordadas e que novas remoções foram feitas no início de maio. “As pessoas estão saindo amigavelmente, recebendo as indenizações e com condições de procurarem alternativas de moradia”, garantiu a secretária. 
 

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