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Princesa Kate

Câncer afeta cada vez mais pessoas menores de 50 anos, como a princesa Kate

Entre 1990 e 2019, a taxa de diagnósticos por câncer quase dobrou (+80%) neste grupo etário em todo o mundo

Kate Middleton, princesa de Gales Kate Middleton, princesa de Gales Kate Middleton, princesa de Gales Kate Middleton, princesa de Gales  - Foto: Justin Tallis/AFP

O caso da princesa Catherine de Gales, de 42 anos, que anunciou recentemente que está em tratamento contra um câncer, é um exemplo de como, por razões ainda sem explicação, cada vez mais pessoas menores de 50 anos são diagnosticadas com a doença.

Trata-se de uma verdadeira "epidemia", que começou há várias décadas, disse à AFP o oncologista Shivan Sivakumar, pesquisador da Universidade de Birmingham.

Entre 1990 e 2019, a taxa de diagnósticos por câncer quase dobrou (+80%) neste grupo etário em todo o mundo, segundo um estudo publicado em 2023 pela BMJ Oncology, centrado nos trinta tipos de câncer mais comuns.

O fenômeno, que se observa especialmente os países desenvolvidos, também se reflete no aumento das mortes por câncer entre menores de 50 anos. Em trinta anos, este número aumentou 28%.

Alguns casos são muito conhecidos, como a morte, em 2020, do ator Chadwick Boseman, aos 43 anos. Protagonista de "Pantera Negra", ele foi vítima de um câncer agressivo.

Entre os jovens detectou-se, em especial, um aumento dos cânceres gastrointestinais (cólon, esôfago, fígado). Segundo a American Cancer Society, são a principal causa de morte por câncer em homens menores de 50 anos e a segunda em mulheres da mesma idade, atrás do câncer de mama.

Para explicar o fenômeno, "não há nenhum elemento conclusivo", diz o doutor Sivakumar, embora seja provável que vários fatores estejam envolvidos.

Em todo caso, apesar da informação que circula em alguns setores, a vacinação contra a covid não tem nada a ver porque o aumento de casos de câncer começou muito antes da pandemia.

Nenhum culpado óbvio
Os cientistas têm duas grandes vias de pesquisas: ou as gerações recentes estão mais expostas do que suas antecessoras a fatores de risco já conhecidos ou surgiram novos riscos.

A primeira categoria de hipóteses se baseia em especial em uma observação: em comparação com as gerações anteriores, as pessoas que agora têm quarenta anos eram mais jovens quando fumavam, bebiam álcool ou tinham obesidade.

O último ponto chama particularmente atenção da epidemiologista Helen Coleman, da Queen's University Belfast, especialista em cânceres entre jovens na Irlanda do Norte, que aponta para uma "epidemia de obesidade" que não existia antes da década de 1980.

A outra grande hipótese aponta para o aparecimento de novos carcinógenos como produtos químicos, microplásticos e novos medicamentos, mas por enquanto tratam-se apenas de especulações.

Outra possibilidade seriam os alimentos ultraprocessados, dos quais se fala muito ultimamente mas, segundo Coleman, "realmente há muito poucos dados que sustentem essa ideia".

Sem conhecer as causas do fenômeno, é difícil saber o que fazer para deter o aumento dos casos de câncer entre os jovens.

Algumas autoridades sanitárias apostam na detecção precoce, como nos Estados Unidos, que em 2021 reduziu para 45 anos a idade recomendada para se submeter a exames de diagnóstico de cânceres colorretais. Na França, a idade mínima se mantém em 50 anos, mas alguns gastroenterologistas pedem que seja reduzida.

De forma geral, os pesquisadores consultados pela AFP esperam que o caso da princesa de Gales faça os jovens verem que o câncer não afeta apenas os mais velhos.

E que em caso de dúvida sobre algum sintoma, sempre é melhor buscar aconselhamento. "Se você sente que algo está mal, não perca tempo: vá fazer um exame", recomenda o doutor Sivakumar.

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