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"Coação, chantagem e pressões"

Candidato opositor na Venezuela diz que assinou carta que reconhece vitória de Maduro sob "coação"

Ex-diplomata Edmundo González Urrutia disse que não se calará e nem trairá seus apoiadores

Edmundo Gonzalez Urrutia e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez Edmundo Gonzalez Urrutia e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez  - Foto: Fernando Calvo/ Moncloa / AFP

O candidato opositor venezuelano, o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, afirmou, nesta quarta-feira (18), que assinou sob “coação, chantagem e pressões” um documento que reconhecia a vitória eleitoral do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para poder partir ao exílio na Espanha. A declaração foi feita em um vídeo divulgado em sua conta na plataforma X.

— Ou eu assinava, ou sofria as consequências — explicou González Urrutia sobre o documento que, segundo ele, foi levado por dois dirigentes próximos a Maduro até a embaixada espanhola em Caracas, onde ele estava refugiado. — [Isso resultou em] horas muito tensas de coação, chantagem e pressões.

A saída de Edmundo González da Venezuela esteve cercada de sigilo até agora. Nem o candidato, que segundo a oposição venceu as eleições conforme as atas publicadas, nem a Espanha, país que o acolheu, nem o chavismo haviam revelado os detalhes do que aconteceu na madrugada de 7 de setembro, quando o veterano diplomata embarcou em um avião das Forças Armadas espanholas com destino a Madri. Naquele momento, ninguém esperava sua partida.

Nesta quarta-feira, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, revelou um documento assinado naquela noite, no qual González reconhece “as decisões adotadas pelos órgãos de justiça no marco da Constituição, incluindo a sentença da Sala Eleitoral”. O texto continua: “Embora não concorde, eu acato”. Em outras palavras, o candidato validava a vitória que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), controlado pelo chavismo e sem independência judicial, havia concedido a Nicolás Maduro.

As explicações de González Urrutia surgem após a carta ter sido divulgada pelo governo venezuelano. Na suposta carta, o ex-diplomata também reconhece as autoridades nacionais, afirma que decidiu deixar o país e se compromete a limitar sua atividade pública no exterior, sem exercer qualquer representação formal ou informal dos poderes públicos da Venezuela. O opositor, no entanto, explicou que foi o próprio Jorge Rodríguez, junto da vice-presidente Delcy Rodríguez, que lhe apresentou o documento.

— Nesse momento, considerei que seria mais útil estar livre do que preso e impossibilitado de cumprir com as tarefas que o Soberano me confiou — argumentou. — Um documento produzido sob coação é nulo, pois há um vício grave no consentimento. Não vou me calar. Jamais os trairei — acrescentou González Urrutia.

A oposição venezuelana, liderada por María Corina Machado, denunciou fraude nas eleições que garantiram a Maduro um terceiro mandato de seis anos (2025-2031) e reivindica a vitória de González. O opositor passou um mês na clandestinidade antes de pedir asilo na Espanha, após uma ordem de captura ter sido emitida contra ele. Ele chegou a Madri no domingo, 8 de setembro.

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