Candidatos à presidência da Argentina se enfrentam em debate acalorado
A posse está marcada para 10 de dezembro
Os candidatos à presidência da Argentina se enfrentaram neste domingo (8) no debate prévio às eleições de 22 de outubro, com acusações mútuas de corrupção e de má gestão da economia, e com fortes censuras ao candidato de extrema direita, Javier Milei, favorito nas pesquisas.
O ministro da Economia, Sergio Massa, candidato da coalizão peronista Unión por la Patria (centro-esquerda), acusou Milei, um economista liberal e antissistema, de promover a escravidão com suas propostas de desregulamentação do mercado de trabalho.
Já a conservadora Patricia Bullrich, da coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio, afirmou que a proposta de Milei de dolarizar a economia seria feita "com salários da fome". Ex-ministra da Segurança, Bullrich também criticou-o por sua posição sobre o assunto.
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"Milei quer liberar as armas, e as armas liberadas caem nas mãos de criminosos", disse ela.
Com um discurso contra o que chama de "casta política chorra (ladrão)", Milei tem sido a surpresa desta campanha eleitoral.
Nas primárias de 13 de agosto, obteve a maior votação (29,8%), e as pesquisas colocam-no em primeiro lugar para as eleições de outubro, embora com provável segundo turno em 19 de novembro.
"Eles não podem ser a solução para o problema, porque são o problema", disse no domingo sobre os outros candidatos.
A Argentina enfrenta uma grave crise econômica, com uma inflação superior a 120% ao ano e uma pobreza de 40%.
Mudança climática
O debate de ontem foi o segundo realizado com os cinco candidatos e girou em torno de produção e trabalho, segurança e proteção ambiental.
Nesse ponto, Milei enfatizou que "não vamos aderir à Agenda 2030, não aderimos ao marxismo cultural, não aderimos à decadência".
"Não nego a mudança climática. Digo que existe um ciclo de temperaturas na história da Terra, este é o quinto ponto do ciclo. A diferença é que, nos quatro anteriores, não havia o ser humano. Todas essas políticas que culpam os humanos pela mudança climática, a única coisa que buscam é arrecadar fundos para financiar socialistas preguiçosos que escrevem 'papers' de segunda categoria".
Acusado de machista, Milei foi questionado pela candidata da Frente de Izquierda, Myriam Bregman, sobre sua posição em relação aos crimes de feminicídio. "Igualdade perante a lei", respondeu ele.
O debate também esquentou entre Massa e Bullrich, que disputariam uma vaga no segundo turno, de acordo com as pesquisas.
"Há mais dois milhões de pessoas pobres no ano em que você está no governo (...). O país inteiro está se perguntando: quando é que vão parar de roubar?", perguntou Bullrich.
"Gritar não é suficiente para corrigir o fraco desempenho que você está tendo", respondeu o ministro.
Para vencer no primeiro turno, são necessários 45% dos votos, ou então 40% e uma diferença de pelo menos 10 pontos com o segundo candidato. Se ninguém obtiver esse resultado, haverá um segundo turno eleitoral em 19 de novembro. A posse está marcada para 10 de dezembro.