Cansado de procurar alguém? Conheça as vantagens de envelhecer solteiro
Psicóloga afirma que a vida de solteiro pode ser a nossa melhor vida: mais alegre, significativa e plena
Bella DePaulo, psicóloga americana considerada uma das grandes escritoras e pensadoras sobre a solteirice nos Estados Unidos, afirma que estar só não é um fracasso, um peso, muito menos uma condenação neste século de tecnologia e inteligência artificial.
— Um dos maiores avanços registrados em relação à solidão e à solteirice opcional é “o uso da tecnologia para se manter em contato: e-mails, mensagens de texto, videochamadas, etc. — explica DePaulo. — Isso significa que é muito mais fácil se conectar com as pessoas, em qualquer lugar e a qualquer momento.
Na sua opinião, isso “pode proteger as pessoas de se sentirem solitárias”, mas ela alerta que se torna um problema “se os solteiros se tornarem muito dependentes da tecnologia e não investirem tempo em encontrar outros seres humanos presencialmente”.
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Para a psicóloga, ser e envelhecer solteiro é uma escolha e tem vantagens que os casados não desfrutam.
— A solteirice hoje é sinônimo de liberdade, autossuficiência e independência — destaca.
Além disso, ela reconhece que o estigma em torno da solteirice existe há séculos, mas que o conceito está mudando, já que cada vez mais pessoas vivem sozinhas no mundo. Por exemplo, nos Estados Unidos, na Europa e no Canadá, o número de pessoas que decidem não se casar tem crescido, e essa mudança geracional está criando uma nova narrativa, que reconhece que os seres humanos podem ser felizes sem viver em casal.
DePaulo faz parte do Departamento de Ciências Psicológicas e do Cérebro da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e escreveu mais de uma dúzia de livros, incluindo "Solteiros Estigmatizados: Como são estereotipados, estigmatizados e ignorados, mas ainda assim felizes" (Babelcube Inc., 2019).
— Espero que os leitores deste, meu livro mais recente, compreendam o quão alegre, significativa e satisfatória pode ser a solteirice.
Para a doutora em psicologia, a solteirice oferece muitas vantagens. A primeira é que os solteiros não estão tão focados em uma única pessoa (um cônjuge) e é provável manterem conexões com muitas outras.
— Por isso, é pouco provável que se sintam solitários na velhice, o que pode ocorrer com recém-divorciados ou viúvos — comenta.
A segunda é que os casados frequentemente dividem tarefas: talvez um cozinhe e limpe, enquanto o outro cuide das finanças. Mas, se o casamento termina, seja por viuvez ou divórcio, os ex-casados precisam aprender a fazer as tarefas que o cônjuge fazia por eles. Já os "solteiros por natureza" sempre fizeram tudo sozinhos.
Em terceiro lugar, ela ressalta o valor que os solteiros dão ao tempo para si, acrescentando:
— Eles gostam de estar sozinhos e passaram muito tempo consigo mesmos, então é muito improvável que se sintam solitários à medida que envelhecem.
Além disso, DePaulo lembra que pesquisas mostram que pessoas casadas tendem a se tornar mais isoladas: raramente entram em contato com amigos, passam menos tempo com a família e vivem como em uma espécie de bolha existencial.
— Os solteiros, por outro lado, mantêm conexões com amigos, familiares e outras pessoas importantes em suas vidas, o que os torna mais felizes com o passar do tempo — afirma.
Em resumo, os solteiros por natureza desfrutam do tempo consigo mesmos, mas também da companhia de outros.
— Muitas vezes temos diversas pessoas importantes em nossas vidas — diz ela.
Assim, pessoas solteiras costumam manter melhores relações com amigos, parentes e vizinhos do que os casados. No entanto, é preciso mudar a valorização tradicional dada às amizades e a outras relações não românticas.
— Precisamos entender que todos os tipos de laços afetivos, não apenas os românticos, podem ser significativos e satisfatórios — opina.
DePaulo também enfatiza que Solteiros por Natureza não é apenas um livro para esse grupo, mas também para pessoas que têm amigos, parentes ou filhos mais velhos que são solteiros e não desejam mudar seu estado.
— Espero que compreendam que algumas pessoas são solteiras porque essa é a melhor vida para elas — explica. — Não é necessário pressioná-las para que se casem.”
Solteiros de coração
DePaulo escreveu seu último livro para mostrar, entre outras coisas, que muitas pessoas solteiras no mundo são felizes.
— De fato, elas também prosperam porque são solteiras, como eu. — afirma. — Tenho 71 anos, sempre fui solteira e sempre serei.
A pesquisadora se define como uma “solteira de coração”, como chama aqueles que, por convicção, foram e permaneceram solteiros por toda a vida; os que sabem como viver e desfrutar dessa condição; aqueles que estabelecem seus lares, nutrem suas relações e têm a liberdade de ser quem são.
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Para ela, também são solteiros de coração aqueles que se sentem felizes graças à solteirice, e não apesar dela. Os que apreciam sua liberdade e solidão para refletir, relaxar, ser criativos ou desenvolver seu espírito, e que não têm medo da solidão, o que, por sua vez, os protege dela.
Admite que alguns solteiros se sentem sozinhos, assim como muitos casados, mas que aqueles que são realmente solteiros de coração valorizam sua solidão como algo positivo.
O maior achado de DePaulo durante a escrita do livro foi descobrir que, para muitas pessoas no mundo, a vida de solteiro é uma grande vida.
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— Nós que somos solteiros por natureza apreciamos nossa liberdade. Também valorizamos o tempo que temos para nós mesmos — reitera. — Quando estamos sozinhos, podemos aproveitar o relaxamento, a criatividade, a contemplação e a espiritualidade. Como não tememos a solidão, é improvável que nos sintamos sozinhos.