SAÚDE

CAR-T Cell: tratamento inovador contra câncer pode causar a doença, diz FDA

A agência reguladora americana recebeu relatos de novos tipos de câncer em pacientes que receberam a terapia; mas afirmou que os benefícios superam os riscos

O CAR-T envolve a remoção de um tipo de glóbulo branco  as células T  do sangue de um pacienteO CAR-T envolve a remoção de um tipo de glóbulo branco as células T do sangue de um paciente - Foto: Reprodução/NIAID

Um tratamento contra o câncer que salva vidas pode causar a doença, informou a FDA, agência que regula medicamentos nos Estados Unidos, na última terça-feira (28). O tratamento, denominado CAR-T Cell, foi aprovado nos EUA em novembro de 2017 para cânceres no sangue potencialmente fatais. Mas a FDA disse que recebeu 19 relatos de novos cânceres no sangue em pacientes que receberam o tratamento.

O CAR-T envolve a remoção de um tipo de glóbulo branco – as células T – do sangue de um paciente e, em seguida, usa a engenharia genética para produzir proteínas – receptores de antígenos quiméricos (CAR) – que permitem que essas células T se liguem às células cancerígenas e as matem. As células projetadas são então infundidas de volta no sangue do paciente.

A FDA aprovou seis medicamentos à base de CAR-T. Especialistas em câncer disseram que esses tratamentos salvaram a vida de milhares de pacientes. Segundo a agência, mesmo que exista uma ligação causal entre os tratamentos e um pequeno risco de um novo câncer no sangue, os benefícios superam os riscos. Esse sentimento foi ecoado pelos médicos envolvidos no tratamento do câncer.

Embora o risco hipotético fosse conhecido, “não o observamos” em pacientes, disse a médica Marcela V. Maus, diretora de imunoterapia celular do Massachusetts General Hospital, ligado à Universidade Harvar.

O médico John DiPersio, diretor do centro de imunoterapia genética e celular da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, disse que seu centro tratou de 500 a 700 pacientes. E, ele disse, “não vi nenhum” desenvolver um novo câncer de células T. Ele ressaltou que a terapia CAR-T é indicada para pacientes que morreriam se ela não existisse.
 

— Todos vão morrer e todos vão morrer rapidamente sem este tratamento. Isso salva suas vidas — diz DiPersio. — Funciona em uma parcela substancial dos pacientes. O benefício é enorme.

O que desencadeou a investigação da FDA
A FDA disse em comunicado que os relatos de novos cânceres nesses pacientes incluíam consequências graves , como hospitalizações e mortes. A agência também afirmou que a forma como as células CAR-T são produzidas apresenta o risco de causar câncer nos pacientes.

Isso acontece porque quando as células T dos pacientes são projetadas para produzir proteínas que atacam as células cancerígenas, um vírus ajuda a inserir novos genes no DNA dessas células T. Isso tem o potencial de perturbar outros genes, levando ao desenvolvimento de câncer.

Mas existem outras possíveis explicações possíveis. A terapia CAR-T é usada quando os pacientes já fizeram pelo menos uma rodada de tratamentos convencionais com quimioterapia intensa e, muitas vezes, radiação. Esses tratamentos também podem provocar novos tipos de câncer no sangue.

Mesmo sem quimioterapia ou radiação, os especialistas ressaltam que pacientes com câncer de células sanguíneas são especialmente suscetíveis a desenvolver outros tipos de câncer de células sanguíneas.

O que acontece a seguir
De acordo com Maus e DiPersio, ainda existe uma questão sem resposta: se os novos tipos de câncer envolviam células T que carregam as proteínas CAR adicionadas. A FDA não descreveu quaisquer resultados previstos da sua investigação, mas disse que estava “avaliando a necessidade de ação regulatória”.

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