Egito

Cargueiro de 400 metros encalha no Canal de Suez e causa 'congestionamento' naval

Encalhe da embarcação de 220 mil toneladas foi causado por uma manobra acidental, possivelmente por causa da falta de visibilidade

Navio tem 400 metros e pesa mais de 200 mil toneladasNavio tem 400 metros e pesa mais de 200 mil toneladas - Foto: Canal de Suez/Divulgação/AFP

Um grande navio de carga de 400 metros, o Ever Given, de bandeira do Panamá, encalhou, nesta quarta-feira (24), no Canal do Suez, uma das principais rotas comerciais do planeta, localizada na ligação entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho, no Egito. 

O encalhe da embarcação de 220 mil toneladas, que se dirigia para Roterdã procedente da Ásia foi causado por uma manobra acidental, possivelmente por causa da falta de visibilidade "devido às condições meteorológicas, enquanto os ventos atingiram 40 nós (74 km/h), o que afetou o controle do navio", segundo informou a Autoridade Egípcia do Canal de Suez (SCA), em comunicado oficial.

De acordo com a SCA, o incidente se deveu a um vento de areia, fenômeno comum no Egito nesta época do ano, que teria gerado o problema de visibilidade.

O navio bloqueou o canal e 30 embarcações ficaram paradas na entrada norte e outras três, na entrada do sul. Oito rebocadores foram mobilizados para ajudar na missão. "O navio cargueiro encalhou acidentalmente, provavelmente depois de ser atingido por uma rajada de vento", havia dito mais cedo à AFP a companhia Evergreen Marine Corp, que opera o navio.

Imagens do site Vesselfinder mostram o 'congestionamento' no canal (Foto: Reprodução/Vesselfinder)

Em um comunicado divulgado esta manhã, o presidente da SCA, o almirante Ossama Rabie, informou que "as unidades de resgate e os rebocadores da Autoridade continuam seus esforços" para desbloquear o navio.

Ao mesmo tempo, as autoridades anunciaram que o trecho histórico do canal, localizado na parte central da hidrovia, foi reaberto nos dois sentidos de navegação. Neste momento, porém, não está claro como isso ajudará a absorver a perturbação criada pelo Ever Given.

O atraso no fluxo das embaracações pode ter consequências para o fluxo do tráfego marítimo em uma rota de navegação que concentra cerca de 10% do comércio marítimo internacional, segundo especialistas.

"A passagem por Suez é sempre levada em consideração e, quando há um grande incidente como este, cria atrasos e um efeito dominó", explicou à AFP Camille Egloff, especialista em transporte marítimo do Boston Consulting Group, com sede em Atenas. 

Ela informou que o atraso é apenas "questão de horas", porque "estamos em um ambiente hipercontrolado". Ainda assim, deve ter um custo, "porque bloqueia o tráfego atrás".

Fonte de renda
Em resposta a uma política de grandes obras, uma nova seção escavada em 2014 e 2015 facilitou a travessia dos comboios e reduziu o tempo de trânsito das embarcações. Quase 19.000 navios passaram pelo Canal de Suez em 2020, de acordo com a SCA.

Este canal é uma fonte de receita essencial para o Egito, com o qual arrecadou 5,61 bilhões de dólares em 2020. 

O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, anunciou em 2015 um projeto para desenvolver o canal com o objetivo de reduzir o tempo de espera e dobrar o número de navios que o utilizam até 2023.

As autoridades anunciam regularmente novos recordes de tonelagem. Em agosto de 2019, passaram por ele 6,1 milhões de toneladas em um dia.

Idealizado por Ferdinand de Lesseps, empresário e diplomata francês, o colossal projeto de ligação dos Mares Vermelho e Mediterrâneo durou dez anos (1859-1869). Participaram dele um milhão de egípcios, segundo as autoridades de hoje.

Dezenas de milhares deles morreram durante este projeto titânico, estimam os especialistas.

Com 164 quilômetros de extensão, o Canal de Suez "não é prerrogativa de uma nação: (...) pertence a uma aspiração da humanidade", lançou Ferdinand de Lesseps em 1864, cerca de 4.000 anos após os primeiros projetos de canal dos Faraós.

Ligação marítima entre a Europa e a Ásia, esta rota permitiu não se ter de contornar outro continente, a África, através do Cabo da Boa Esperança. Também conheceu várias guerras e anos de inatividade.

Essa história foi particularmente marcada pelo ano de 1956: em 26 de julho, Gamal Abdel Nasser, recém-eleito presidente, nacionalizou o Canal de Suez.

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