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Caso Carlinhos

Depois de cinco anos na Argentina, Carlinhos volta ao Recife com a mãe e a irmã

Desembarque ocorreu na madrugada desta terça-feira (9), no Aeroporto do Recife

Cláudia Boudoux voltou ao Brasil após passar nove dias na Argentina para buscar o filhoCláudia Boudoux voltou ao Brasil após passar nove dias na Argentina para buscar o filho - Foto: Divulgação/SJDH

Pouco mais de cinco anos e uma longa batalha judicial internacional depois, chegou ao Recife, na madrugada desta terça-feira (9), Carlos Attias Boudoux, o Carlinhos, hoje com 13 anos. O adolescente foi sequestrado pelo pai, o advogado argentino Carlos Attias, no Natal de 2015, quando tinha 8 anos. 

Carlinhos voltou a Pernambuco acompanhado da mãe, a fisioterapeuta Cláudia Boudoux e da irmã, de 15 anos. Na Argentina desde 31 de janeiro, a família aguardava a liberação da Justiça local para o reencontro entre mãe e filho.

Durante os nove dias em que estiveram na Argentina, Cláudia e a filha foram impedidas por uma decisão judicial local de verem Carlinhos, segundo a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), que acompanha o caso desde o início. O reencontro só aconteceu durante o embarque para o Brasil.

De acordo com a Polícia Federal (PF), o voo LA3394 da Latam procedente de Buenos Aires, na Argentina, fez uma escala em Guarulhos/SP e pousou no Aeroporto do Recife às 2h13. A polícia informou que o desembarque ocorreu com tranquilidade e normalidade no terminal aéreo. Todos foram recepcionados por policiais federais.

"Ao chegar ao Recife todos foram encaminhados com segurança até a saída no saguão do Aeroporto dos Guararapes onde foram recepcionados pelos demais parentes", informou a PF em comunicado oficial. O garoto foi recebido pelos avós maternos, uma tia e dois primos, que levaram cartazes com fotos dele quando criança.

O secretário estadual de Justiça, Pedro Eurico, foi receber Carlinhos e Cláudia no Aeroporto. “A volta de Carlinhos é uma vitória dos Direitos Humanos, uma vitória daqueles que acreditam na liberdade e no respeito às instituições”, pontuou o gestor.

A família viajou à Argentina acompanhada do secretário executivo da SJDH, Eduardo Figueiredo, que atuou diretamente nas tratativas burocráticas de retorno do garoto. As passagens aéreas foram custeadas pelo Governo de Pernambuco.

Cláudia preferiu não se pronunciar sobre a volta. Uma psicóloga da SJDH também acompanhou a chegada da família. “Não se pode admitir a alienação parental, um sequestro e uma mãe que deixa o seu filho nas circunstâncias em que foram separados”, acrescentou Eurico.
 

Família foi ao Aeroporto do Recife para receber o adolescente (Foto: Divulgação/SJDH)

Em conversa com a reportagem da Folha de Pernambuco, a tia e madrinha de Carlinhos, a fonoaudióloga Patrícia Boudoux, que foi ao Aeroporto acompanhar a chegada do garoto, contou que toda a situação na Argentina nos últimos dias foi tensa para Cláudia. 

“O juiz argentino pediu todo o sigilo para que não aconteça nenhum imprevisto. Ele [Carlinhos] estava muito assustado, sofreu muito, foi mantido em cárcere privado”, relatou a tia.

Patrícia disse ainda que o menino está com traumas “seríssimos” e será atendido por psicólogos. “Ele estava sem ir para a escola, sem brincar, sem ir para um parque desde 2019, sofreu uma alienação parental seríssima. Não sabemos até agora com quem e onde ele estava. Ninguém conseguiu esclarecer ainda”, continuou Patrícia.

O menino foi matriculado em uma escola pela mãe e começará as aulas quando houver recomendação dos psicólogos.  

“Ele precisa de um tempo, está muito assustado, revoltado, alienado. Uma criança que foi levada com 7, 8 anos lembra daquilo que foi plantado na cabeça dele. Ele acha que Cláudia abandonou ele, não sabe da luta”, acrescentou a madrinha do adolescente.

“O pai plantou várias mentiras. Vai ter que haver um trabalho muito grande de psicólogos, de assistentes sociais, muito amor e carinho. A família está pronta para isso”, finalizou Patrícia Boudoux, que reiterou os agradecimentos da família à imprensa, ao Governo do Estado e à Polícia Federal.

Caso Carlinhos
Carlos Attias Boudoux, o Carlinhos, havia viajado, em 2015, para a Argentina para passar o Natal com o pai, o advogado Carlos Attias, e a irmã mais velha. Desde então, Carlos nunca devolveu o garoto à mãe, a fisioterapeuta pernambucana Cláudia Boudoux. 

A Polícia Federal foi acionada e uma batalha judicial foi iniciada. O Governo de Pernambuco, através da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) começou então a acompanhar o caso.

Em fevereiro de 2019, após dar entrada na Justiça argentina com um pedido de guarda, Cláudia recebeu uma decisão favorável. Apesar disso, o menino seguia desaparecido desde então. Carlos Attias foi preso em janeiro de 2020 e segue em prisão domiciliar, por conta da pandemia de Covid-19. Ele chegou a pagar uma idosa e o filho dela para manterem o menino em cárcere privado.

Após passar mais de um ano desaparecido em Buenos Aires, Carlinhos foi até uma delegacia da cidade afirmando ser o garoto, no último dia 18 de janeiro. Até a volta ao Brasil, ele ficou em um abrigo.

Após os trâmites judiciais e uma documentação especial conseguida pela SJDH, já que as fronteiras da Argentina estão fechadas por causa da pandemia de Covid-19, o garoto finalmente pôde voltar à guarda da mãe.

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