Carlos III defende "Entente" entre França e Reino Unido diante da "emergência" climática
Durante um jantar em sua homenagem, o rei fez um apelo diante de Macron para que "revitalizem" os laços prejudicados pela saída britânica da União Europeia (UE)
O rei britânico, Charles III, defendeu nesta quinta-feira (21) uma nova “Entente” entre França e Reino Unido para enfrentar a “emergência” climática, em um discuso sem precedentes no Senado francês, no momento em que busca fortalecer sua imagem internacional.
Recebido com aplausos de deputados e senadores de pé, o soberano de 74 anos defendeu em seu discurso "renovar" a "Entente Cordiale" que há 120 anos encerrou séculos de conflitos entre os países, durante o segundo dia de sua visita de Estado à França .
“Gostaria de propor que se tornasse também uma Entente para a Sustentabilidade, para enfrentar de forma mais eficaz a emergência global em matéria de clima e biodiversidade”, acrescentou Carlos III, conhecido pela sua defesa do meio ambiente.
Um dia antes da declaração do rei, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, anunciou o adiamento de várias medidas fundamentais da política climática do Reino Unido.
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Com sua visita de três dias à França, inicialmente prevista para março, o sucessor de Elizabeth II tenta definir sua própria agenda, como a luta contra a mudança climática e fortalecer a aliança franco-britânica.
Na véspera, durante um jantar em sua homenagem no Palácio de Versalhes, o rei fez um apelo diante do presidente Emmanuel Macron para que França e Reino Unido “revitalizem” os laços prejudicados pela saída britânica da União Europeia (UE).
“O Reino Unido continuará sendo sempre um dos melhores aliados e amigos da França”, afirmou nesta quinta-feira no Senado, depois de considerar “vital” a aliança entre os dois países para enfrentar os “desafios” do mundo.
Quanto à "agressão injustificada" da Rússia na Ucrânia, Carlos III expressou uma "determinação inbalável" de Londres e Paris para que Kiev "triunfe" e "prevaleçam as liberdades".
Camilla contra Brigitte
O monarca é o primeiro do Reino Unido a discursar no plenário do Senado francês. Em 2004, sua mãe Elizabeth II pronunciou um discurso aos parlamentares na sala de conferências da Câmara Alta.
A lembrança de sua mãe está presente durante toda a viagem. “As homenagens que lhe prestaram em toda a França nos comoveram imensamente, tanto a minha família como a mim”, admitiu o monarca britânico.
Em sua primeira visita ao Estado na França, ele é acompanhado por sua esposa, Camilla, que, ao lado da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, visitou a Biblioteca Nacional da França para o lançamento de um prêmio literário franco-britânico.
No local, Brigitte mostrou à rainha um vestido da cantora francesa Edith Piaf, além de alguns manuscritos de William Shakespeare e de Victor Hugo.
O casal real e Brigitte também visitaram o subúrbio de Saint-Denis, uma das sedes dos Jogos Olímpicos de 2024.
“Achei incrível que passou um tempo aqui com as crianças (...) Foi um grande momento para todos”, disse à AFP Prithika Pavade, jogadora de tênis de mesa de 19 anos, que disputou uma breve partida contra Camilla.
A rainha e Brigitte também discutiram entre si por alguns minutos, antes de continuarem a visitar um escritório da marca de alta-costura Chanel, onde a rainha britânica testou suas habilidades no uso do tear.
Na praça da catedral de Saint-Denis, alguns jogadores do Paris Saint-Germain e seu presidente, Nasser Al Khelaifi, entregaram ao rei uma camisa do clube parisiense com o nome do monarca.
Carlos III, entusiasta da jardinagem, que já admitiu falar com suas plantas, voltou a Paris junto com Camilla para visitar um popular mercado de flores do centro da capital, denominado desde 2014 “Rainha Elizabeth II”.
Os monarcas voltarão a se reunir com Emmanuel Macron e sua esposa em frente à catedral de Notre-Dame de Paris, joia da arquitetura francesa parcialmente destruída por um incêndio em 2019, para ver as obras de destruição.
Mais tarde, a monarca fará um discurso no encerramento de um debate no Museu Nacional de História Natural de Paris sobre o "financiamento climático", ou seja, as ações empreendidas pelos bancos em resposta às mudanças climáticas.
A etapa parisiense da visita de Estado terminará com uma despedida de Macron no Palácio do Eliseu, mas a viagem da monarca britânica continuará na sexta-feira em Bordeaux (sudoeste) com uma agenda mais experimentada no meio ambiente.