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"Carniceiro de Teerã": entenda as acusações de violações de direitos humanos contra líder morto

Líder iraniano tornou-se vice-procurador-geral da capital aos 25, atuando como um dos quatro juízes que participaram de tribunais secretos criados em 1988, conhecidos como "Comitê da Morte"

Ebrahim Raisi, presidente do IrãEbrahim Raisi, presidente do Irã - Foto: Iranian Presidency / AFP

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, morto aos 63 anos após a queda de um dos três helicópteros de seu comboio presidencial no domingo, tem um histórico sombrio no que se refere aos direitos humanos. Foi acusado e recebeu sanções dos Estados Unidos por sua supervisão administrativa da execução de menores e repressão violenta a protestos. Mas foi seu papel em execuções em massa de prisioneiros políticos nos anos de 1980 que, além de constituir crime contra a Humanidade, conferiu-lhe a alcunha de "carniceiro de Teerã".

Sua reputação começou a ser construída ainda na juventude, durante sua passagem pelo cargo de vice-procurador-geral de Teerã. Com apenas 25 anos, atuou como um dos quatro juízes que participaram de tribunais secretos criados em 1988, que passaram a ser conhecidos como "Comitê da Morte". Essas cortes “julgaram novamente” milhares de prisioneiros que já cumpriam penas de prisão pelas suas atividades políticas, a maioria era composta por membros do grupo de oposição de esquerda.

O número exato dos que foram condenados à morte pelos tribunais não é conhecido, mas grupos de direitos humanos afirmaram que cerca de 5 mil homens e mulheres foram executados e enterrados em valas comuns não identificadas, o que constituiu um crime contra a Humanidade. Raisi nega seu papel nas sentenças de morte, afirmando que foram justificadas por causa de uma fatwa, ou decisão religiosa, do ex-líder supremo aiatolá Ruhollah Khomeini.

Apesar da negativa, o número de mortes lhe conferiu o apelido, criado por críticos da República Islâmica, segundo o Eurásia Review, de "Açougueiro" ou "Carniceiro de Teerã". Há cinco anos, uma fita de áudio de uma reunião em 1988 entre o presidente, vários outros membros do Judiciário e o então vice-líder supremo, aiatolá Hossein Ali Montazeri (1922-2009), vazou. Nele, Montazeri descreve as execuções como “o maior crime da História da República Islâmica”.

Raisi também foi acusado em 2019 pelo então presidente dos EUA, Donald Trump, de ser responsável pela supervisão administrativa da execução de indivíduos que eram menores na época de seus supostos crimes e de estar envolvido na repressão violenta dos protestos do oposicionista Movimento Verde após as contestadas eleições presidenciais de 2009. Devido à acusação, Washington impôs sanções a Raisi.

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