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França

Carta de 'militares da nova geração' pressiona Macron na França

Os autores do novo texto se descrevem como representantes da nova geração de militares

Emmanuel MacronEmmanuel Macron - Foto: LUDOVIC MARIN / AFP

Uma segunda carta atribuída a militares franceses foi publicada na noite deste domingo (9), alertando para a possibilidade de uma guerra civil no país devido a "concessões ao islamismo" do governo de Emmanuel Macron.

Os autores do novo texto se descrevem como representantes da nova geração de militares. "Somos homens e mulheres, soldados ativos, de todas as Forças e de todas as classes, de todas as sensibilidades. (...) E se não podemos, por lei, nos expressar com o rosto descoberto, é igualmente impossível ficarmos calados", escrevem.

O texto foi divulgado pela revista de direita Valeurs Actuelles, a mesma em que saiu uma primeira carta de teor semelhante, assinada por generais aposentados e militares da ativa, que ameaçavam com intervenção. Eles serão processados por isso, segundo o Estado-Maior das Forças Armadas.

Na ocasião, a ministra encarregada das Forças Armadas, Florence Parly, disse que os autores desobedeceram a lei que proíbe reservistas ou militares em serviço de tornar públicas suas opiniões sobre política e religião.

O primeiro-ministro Jean Castex também criticou a primeira ameaça como "contrária aos princípios republicanos" e acusou a líder de ultradireita Marine Le Pen e seu partido, o Reunião Nacional, de explorar politicamente o caso.

Não havia manifestações oficiais sobre a segunda carta até a tarde desta segunda (manhã no Brasil). Segundo o site da publicação, até as 12h (7h no Brasil) desta segunda (10), mais de 1,5 milhão de pessoas já tinham lido a carta, e as assinaturas de apoio superavam 100 mil.

 



"Soldados deram sua vida para destruir o islamismo ao qual vocês estão fazendo concessões em nosso solo", escreveram os autores da segunda carta, que dizem ter servido em operações antiterrorismo na França e no exterior, como Afeganistão, Mali e na República Centro-Africana.

Também criticaram o governo Macron por condenar a iniciativa do primeiro grupo de militares, afirmando que os ministros franceses "atropelam" a honra dos veteranos e "mancham" sua reputação, "quando seu único defeito é amar seu país e lamentar seu declínio visível".

"Covardia, engano, perversão: esta não é a nossa visão da hierarquia. (...) Sim, a guerra civil está se formando na França, e você sabe disso perfeitamente bem", escrevem, dirigindo-se ao presidente francês e a seus ministros. A introdução à carta afirma que seu objetivo "não é minar as instituições, mas alertar as pessoas para a gravidade da situação".


A nova investida contra Macron -e a comunidade islâmica, segundo ativistas- acontece num momento em que crescem as intenções de voto em Marine Le Pen para a eleição presidencial do ano que vem, e a maioria da população reprova o desempenho do governo no combate à violência.

Em pesquisa divulgada em dezembro, 74% afirmaram que ele deixou a desejar em segurança e policiamento -avaliação agravada pelos ataques terroristas do ano passado, que fizeram ao menos quatro mortos, entre os quais o professor Samuel Paty, decapitado em Paris, e a brasileira Simone Barreto, degolada em Nice.

Após os ataques de 2020, Macron reagiu com um projeto de lei inicialmente descrito como para "combater o separatismo islâmico" — objetivo depois alterado para "proteger os princípios republicanos".

Segundo o professor de política francesa da Universidade de Warwick (Reino Unido) James Shields, o presidente francês já avançou para a direita nesse tema desde sua eleição, em 2017, mas quer evitar ser acusado de estar atacando o islamismo por motivos eleitorais.

 

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