BRASIL

Carta perdida de fã dos Beatles conforta família de vítima da Covid-19

O brasileiro Karlo Schneider deixou cartas para os entes queridos

Foto: HO / SCHNEIDER FAMILY / AFP

Assim como muitas vítimas da Covid-19, o brasileiro Karlo Schneider não pôde dar adeus à sua família. Diferentemente de muitos, no entanto, deixou uma mensagem que chegou aos seus familiares um ano depois de sua morte.

Ele se despediu da esposa e dos três filhos numa manhã de fevereiro de 2021. Sentindo-se doente após chegar ao hotel onde trabalhava, decidiu ficar ali para evitar o contato com eles.

Schneider, então com 40 anos, morreu um mês depois. Mas deixou para os entes queridos cartas que chegaram às suas mãos um ano depois de uma intensa busca.

A ideia das cartas tinha surgido em 2006, quando Schneider estava prestes a se tornar pai, e pensou em escrever algumas linhas para que sua primogênita lesse quando fizesse 15 anos.

Fã dos Beatles, Schneider guardou as cartas em meio à sua coleção de discos da banda inglesa, onde as esqueceu com o passar do tempo.

"Ele adorava essas coisas", disse a viúva, Alcione, que lembra dele como um romântico.

"Reencontro" 
Uns 14 anos depois de escrever as cartas, Schneider decidiu vender parte de seu tesouro para obter renda após perder seu emprego, como muitos, pelo impacto da pandemia.

Em 2021, as coisas pareciam melhorar. Schneider arrumou outro emprego em um hotel a 280 km de onde morava e a família se mudou para lá.

Mas a segunda onda da pandemia, que alcançou, então, uma média móvel de 3.000 mortos em 24 horas, dissipou as esperanças e pôs fim à vida de Schneider em questão de dias.

Passou quase um ano até que Alcione lembrou das cartas guardadas em algum dos discos vendidos. Foi ajudada em sua procura pelos amigos de Schneider, que publicaram um vídeo em fóruns de fãs dos Beatles, que acabou viralizando.

Alcione recebeu em setembro a chamada de um homem que disse ter comprado discos vintage na época, mas que ainda não os tinha aberto. Ele atravessava uma depressão depois de perder um filho, também por causa da Covid.

Em dezembro os dois se encontraram e Alcione recebeu uma cópia de "Imagine", de John Lennon, com três cartas dentro.

Bárbara, a primeira filha de Schneider, abriu a carta no mês passado, ao completar 15 anos, como queria o remetente.

"Ele falou muitas coisas (na carta). Ele disse que era apaixonado pela minha mãe, falava dos Beatles, perguntava se o Paul McCartney ainda estava vivo", contou Bárbara entre risos e choro.

A carta termina abruptamente, como sua vida, quando a caneta azul de Schneider ficou sem tinta.

Bárbara sentiu como se seu pai estivesse lendo para ela. "A gente não conseguiu se despedir. Então, foi um momento para a gente se ver de novo. Era como se fosse um reencontro com ele", disse a jovem.

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