Cartomante diz que joias encontradas em sua casa não são de idosa vítima de golpe milionário
Ela negou que tenha oferecido consulta para a idosa de 82 anos, mãe da atriz Sabine Coll Boghici
Das quatro pessoas presas nesta quarta-feira (10) durante a Operação Sol Poente, que desarticulou um esquema criminoso que teria desviado R$ 725 milhões em obras de arte da viúva do colecionador Jean Boghici, só a mãe de santo Jacqueline Stanescos, de 52 anos, falou aos policiais.
Ela negou que tenha oferecido consulta para a idosa de 82 anos, mãe da atriz Sabine Coll Boghici, uma das presas e principais articuladores do crime. Ela também afirmou que não fala com suas primas Rosa Stanesco Nicolau e Diana Rosa Aparecida Stanesco Vuletic.
As duas, segundo a Polícia Civil, fazem parte do esquema criminoso há décadas. Diana está foragida. Jacqueline também afirmou que as joias encontradas em sua casa são suas.
Em depoimento, a mulher, que mora em um apartamento de luxo em Ipanema, afirmou que atua como mãe de santo e cartomante, e que exerce a atividade em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e em seu apartamento, na Zona Sul do Rio. Ela lembra que a residência foi comprada há 25 anos com a ajuda do pai.
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Jacqueline Stanescos disse que ela e as primas não se falam há 15 anos em razão de uma briga no passado. Questionada se, em janeiro de 2020, Diana teria levado a idosa para uma consulta espiritual no Leme e se ela teria dito à vítima que sua filha Sabine estaria “à beira da morte”, Jacqueline respondeu que jamais conheceu a viúva de Jean Boghici e salientou desconhecer o endereço citado. Ela fez questão de frisar que nesta época não mantinha contato com Diana.
A mãe de santo também negou que tenha recebido qualquer quantia da vítima. Aos investigadores, ela rechaçou ainda que faça parte de uma quadrilha que engloba suas primas e tio. Ela afirmou ainda que nunca participou de nenhuma subtração de quadros valiosos e que sequer sabia da existência de tais peças.
Jacqueline foi então questionada sobre sua renda e se tinha condições de manter seu padrão de vida. Ela afirmou que recebe entre R$ 3 mil a R$ 4 mil mensais. Para os investigadores, ela não teria como se manter no imóvel com o valor que recebe mensalmente.
O que chamou a atenção dos investidores é que Jacqueline tinha uma Land Rover Freelander na garagem do apartamento.
Indagada sobre joias encontradas em sua residência, a mulher disse serem presente de clientes e amigos. Os investigadores afirmam que as peças são da mãe de Sabine. Ainda no depoimento, em sua defesa, se dispôs a abrir suas contas bancárias e a quebra do sigilo telefônico.
Choro e silêncio
Por sua vez, Sabine Coll Boghici preferiu se manter em silêncio durante seu depoimento na Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti). Durante a noite, ela teria chorado muito na carceragem da delegacia, que fica em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Outra que afirmou que só falaria em juízo foi a mãe de santo Rosa Stanesco Nicolau, companheira de Sabine.
Na especializada, Rosa disse que “estava emocionalmente abalada” e que “não tinha conhecimento do inquérito”, o que a impedia de prestar depoimento aos policiais.
Na manhã desta quinta-feira (11), Rosa chorou durante a transferência para o Instituto Médico-Legal (IML) do Centro, onde fez exame de corpo de delito, indo depois para o Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, na Zona Norte do Rio.
Outro que preferiu se manter em silêncio e alegou estar “emocionalmente abalado” foi Gabriel Nicolau Translavina Hafliger. Ele é filho da mãe de santo e teria recebido R$ 4 milhões em depósitos feitos pela mãe de Sabine.
Pela primeira vez, a defesa da idosa comentou o caso. O advogado Mauro Fernandes afirmou que “não vai comentar, pois a investigação segue”.