Casa Branca pede a Putin que 'pare de interferir' nas eleições dos EUA
Aos repórteres, o porta-voz do Conselho de Segurança afirmou que as únicas pessoas que devem determinar o próximo presidente é o 'povo americano'
A Casa Branca pediu nesta quinta-feira ao presidente russo, Vladimir Putin, que "pare de interferir" nas eleições dos EUA depois que ele disse ironicamente que apoia Kamala Harris e não Donald Trump, que expressou admiração por ele.
— As únicas pessoas que devem determinar quem será o próximo presidente dos Estados Unidos são o povo americano, e nós gostaríamos muito que o Sr. Putin, primeiro, parasse de falar sobre nossa eleição e, segundo, parasse de interferir nela — disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, aos repórteres.
Mais cedo, o presidente russo expressou apoio à Kamala em um tom sarcástico. Esboçando um sorriso irônico, Putin disse durante um fórum econômico em Vladivostok, no extremo leste russo, que o presidente americano, Joe Biden, "recomendou a seus eleitores que apoiem a senhora [Kamala] Harris, então nós também a apoiaremos" na corrida à Casa Branca contra Trump.
— Em segundo lugar, ela [Kamala] tem um sorriso tão expressivo e contagiante que mostra que tudo está bem com ela — afirmou o presidente.
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Putin geralmente usa um tom duro para mencionar os eventos políticos e sociais nos EUA. No ano passado, ele afirmou que o sistema político americano está "apodrecido" e que Washington não poderia dar lições de democracia a outros países.
Nesta quinta-feira, Putin disse que Trump impôs "mais sanções contra a Rússia que qualquer presidente" anterior.
— Se [Kamala] Harris estiver bem, talvez se abstenha de tais ações — acrescentou.
Em fevereiro, Putin afirmou que Joe Biden, na época pré-candidato à reeleição antes desistir da candidatura em julho, era mais "previsível e experiente" que Donald Trump. A declaração foi recebida com muito ceticismo pelos analistas americanos, que acreditam que Moscou prefere Trump, que é mais suscetível a reduzir a ajuda militar e financeira à Ucrânia, enquanto Kamala Kamala prometeu, no final de agosto, que apoiará Kiev de maneira veemente.
Neste sentido, uma afirmação como a desta quinta-feira poderia ser uma simples estratégia para confundir as intenções russas.
A inteligência dos Estados Unidos concluiu que houve interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 e 2020 a favor de Trump, o que o republicano nega categoricamente, assim como a diplomacia russa.
O republicano já expressou sua admiração pelo presidente russo e disse que teria a capacidade de solucionar o conflito entre Rússia e Ucrânia "em 24 horas". Também criticou os bilhões de dólares desembolsados por Washington para ajudar Kiev a conter a ofensiva russa, iniciada em fevereiro de 2022.
Sanções e acusações de interferência
As declarações do presidente russo ocorrem horas após autoridades americanas anunciarem sanções e processos judiciais contra funcionários do meio de comunicação russo RT, em resposta ao que afirmam que são tentativas de interferir nas eleições de novembro.
Entre as dez pessoas e duas instituições afetadas pelas sanções do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos estão a editora-chefe do RT, Margarita Simonian, e sua adjunta, Elizaveta Brodskaia. Segundo a Casa Branca, Putin estava "a par" das operações de interferência eleitoral.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, comentou a afirmação nesta quinta-feira.
— Evidentemente é uma operação, uma campanha de informação (...) preparada há muito tempo e que é necessária agora que se aproxima a última fase do ciclo eleitoral — disse em uma entrevista à agência russa Ria Novosti.
As autoridades americanas não afirmaram quem seria beneficiado pelas tentativas de interferência russa nas eleições de 2024.
O secretário de Justiça dos Estados Unidos, Merrik Garland, comentou brevemente que, segundo a análise dos serviços de inteligência, "as preferências da Rússia não mudaram em relação às últimas eleições", o que a entender que Moscou está mais uma vez trabalhando a favor do republicano Trump.
A transmissão da RT foi amplamente reduzida ou proibida em muitos países ocidentais, que acusam o canal de tentar desestabilizar as suas democracias com a divulgação de informações falsas.