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Casamento entre primos: por que a união pode ser desastrosa para a prole

A mortalidade em descendentes desse tipo é cerca de 3,5% maior do que em descendentes não consanguíneo, além de uma chance maior de desenvolver doenças genéticas

Estudo analisa os riscos de casamento entre primosEstudo analisa os riscos de casamento entre primos - Foto: Freepik.com

Considerado um pecado abominável para muitos, principalmente para religiosos, o casamento entre primos é algo normal em muitas culturas. Presente especialmente no Oriente Médio, no sul da Ásia e no norte da África. Estima-se que cerca de 10% das famílias de todo o mundo são formadas por casais de primos em primeiro ou segundo grau — o que representaria mais de 750 milhões de pessoas.

Um estudo feito em 2021, por exemplo, e publicado na revista Nature Communications, diz que globalmente, as pessoas hoje têm maior probabilidade de se reproduzir com seus primos do que na pré-história. Enquanto outro da Universidade de Boston, Massachusetts, nos Estados Unidos, de 2010, disse que até um em cada 10 casamentos são entre primos de segundo grau ou até mesmo parentes mais próximos.

Mas porque em algumas culturas o matrimônio entre familiares próximos, como no caso dos primos, é algo tão ruim, enquanto em outras é aceitável. Além do tabu criado, crenças profundamente arraigadas, usadas como uma forma de controle social que nos diz quais comportamentos são ou não aceitáveis, para a genética da prole também não é uma boa alternativa.

A mortalidade em descendentes de dois primos de primeiro grau é cerca de 3,5% maior do que em descendentes não consanguíneo e os filhos também têm uma chance maior de desenvolver doenças genéticas.

Isso ocorre pois compartilhamos 50% de nosso DNA com cada um dos pais e com nossos irmãos, enquanto com nossos primos de primeiro grau compartilhamos cerca de 12,5%. Portanto, quando dois primos têm um bebê, o pool genético é restrito, o que significa que as mesmas variantes genéticas têm maior probabilidade de aparecer e tornar os distúrbios genéticos hereditários mais comuns.

Herdamos uma cópia de cada um dos nossos genes de cada pai. Se esses genes sofrerem mutação, eles podem causar várias doenças. Quando apenas uma cópia do gene precisa ser danificada para causar uma condição, ela é chamada de autossômica dominante: por exemplo, doença de Huntington ou síndrome de Marfan. Mas quando duas cópias mutantes de um gene são necessárias, um distúrbio é autossômico recessivo. Exemplos incluem fibrose cística e anemia falciforme.

Dois primos, com mais DNA compartilhado do que duas pessoas não relacionadas, são, portanto, mais propensos a transmitir duas cópias de um gene potencialmente prejudicial. Se um de seus avós em comum fosse portador, haveria 50% de chance de que cada um de seus filhos (os pais dos primos) também fosse portador.

Isso aumenta as chances de os primos também serem portadores e, portanto, coloca seus filhos em maior risco de doenças autossômicas recessivas. O risco de isso acontecer quando dois pais não são parentes é de cerca de 3%, mas é dobrado em casamentos entre primos.

Exemplos históricos

Personalidades da História como Charles Darwin, Edgar Allan Poe, H.G.Wells, Albert Einstein, o cineasta britânico David Lean e os compositores Igor Stravinsky, Sergei Rachmaninoff e Darius Milhaud se casaram com primas-irmãs. Casamentos entre primos sempre foram comuns nas famílias reais europeias. A rainha Vitória, da Inglaterra, se casou com seu primo-irmão, o príncipe Alberto.

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