Caso Aldeia: Crime foi premeditado e não há prova de que Denirson agredia Jussara, diz promotoria
Advogado da família ainda reforça que em todas as audiências do caso ficou provada a presença de sangue na casa através de laudos periciais
Para a promotoria responsável pela acusação da farmacêutica Jussara Paes, o assassinato e esquartejamento do médico Denirson Paes foram premeditados pela viúva. Além disso, não ficou comprovado que ele a agredia.
"Não há um conjunto de provas. A defesa alega uma queixa em 2015, sobre uma provável violência doméstica, mas não ficou provado. A amiga de Jussara, que foi na delegacia na época, disse que não houve agressão", rebateu o advogado assistente de acusação da promotoria, Carlos André Dantas, em relação ao que o advogado de defesa da ré, Rafael Nunes, falou à entrada do julgamento, que começou nesta segunda-feira (4), no Fórum de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife.
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"Se, na manhã de dia 31 de maio do ano passado, Jussara não tivesse se defendido de Denirson, hoje ela se limitaria a um número, a uma estatística de feminicídio", disse o advogado de defesa da ré. "Houve planejamento no crime, porque na véspera do ocorrido, a cacimba do poço foi aberta por ela", replicou Carlos André Dantas.
O assistente de acusação ainda reforça que em todas as audiências do caso ficou provada a presença de sangue na casa através de laudos periciais. "Se não fossem os policiais, sequer teriam descoberto o corpo na cacimba. O laudo pericial é conclusivo em afirmar que ela não cometeu o crime sozinha. Seria impossível que uma mulher do porte físico como o dela dominar um homem mais forte e ainda fazer tudo o que fez. Além de derrubá-lo, ele teve afundamento craniano", continuou Carlos.
A acusação ainda espera que Jussara seja condenada por homicídio triplamente qualificado, além da ocultação de cadáver. "iremos pedir a condenação máxima para que assim se faça justiça. O julgamento não deve durar muito tempo porque a própria ré confessa", finalizou o advogada da família.
Relembre o caso
O cadáver do médico cardiologista Denirson Paes foi encontrado em 4 de julho de 2018 dentro de uma cacimba da casa onde morava, no condomínio de luxo Torquato de Castro I, localizado no km 13 da Estrada de Aldeia, em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife. O desaparecimento do médico vinha sendo investigado desde o início de junho.
Em um Boletim de Ocorrência registrado em 20 de junho sobre o desaparecimento do marido, a farmacêutica Jussara Rodrigues Silva Paes alegava que a vítima teria viajado para fora do País e que não teria retornado desde então. A delegada Carmem Lúcia, de Camaragibe, desconfiou do envolvimento dos familiares e solicitou um mandado de busca e apreensão no condomínio em que eles moravam.
Na busca policial, realizada em 4 de julho, foram encontrados os primeiros restos mortais do médico na cacimba da residência. Para a polícia, havia indícios suficientes da participação de mãe e filho na ocultação do corpo de Denirson, Danilo. Em 5 de julho, Jussara e Danilo foram presos temporariamente suspeitos de ocultação de cadáver.
Danilo foi encaminhado para o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everaldo Luna (Cotel), em Abreu e Lima. Jussara foi levada para a Colônia Penal Feminina do Recife. Em 20 de agosto, um laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou asfixia por esganadura como a causa da morte do cardiologista. Os três pedidos de habeas corpus feitos pela defesa de Jussara. Em dezembro passado, Danilo recebeu habeas corpus, obtendo liberdade.