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PERNAMBUCO

Caso Arthur: mãe de menino morto em Tabira faz vaquinha on-line e pede doações para "recomeçar"

A vaquinha tinha como meta arrecadar mil reais. Porém, no dia seguinte, a quantia foi reduzida para R$ 500

Giovanna e o filho, Arthur, de 2 anos, que foi assassinado em 16 de fevereiro, na cidade de TabiraGiovanna e o filho, Arthur, de 2 anos, que foi assassinado em 16 de fevereiro, na cidade de Tabira - Foto: Reprodução Instagram

Giovanna Ramos, mãe de Arthur Ramos do Nascimento, de 2 anos, que morreu após sofrer violência doméstica/familiar, em Tabira, no Sertão pernambucano, iniciou uma campanha on-line para arrecadar dinheiro.

O assassinato da criança foi registrado no dia 16 de fevereiro.

Inicialmente, a vaquinha, criada no dia 14 de março, tinha como meta arrecadar mil reais. Porém, no dia seguinte, a quantia foi reduzida para R$ 500. Até agora, 34 apoiadores doaram, juntando um total de R$ 353,54.

“Não conhece minha história, entre no Instagram [@gi_ramos00]. Depois de ter perdido tudo, família, moradia, meu móveis, tudo, preciso recomeçar do ‘0’.  Meus seguidores falaram pra fazer uma vaquinha para me ajuda e aqui estou eu, porque sei que Deus está abrindo portas”, disse ela, na descrição do movimento on-line.

Sobre o caso 
Arthur estava, desde dezembro, sob os cuidados do casal Antônio Lopes Severo, conhecido por Frajola, e Giselda da Silva Andrade, suspeitos de terem cometido os crimes.

A mãe da criança, Giovanna, teria deixado o filho com os dois sob a alegação de estar em busca de emprego em João Pessoa, na Paraíba. O casal não tinha parentesco com mãe e filho.

No dia 16 de fevereiro, segundo informações da Polícia Civil de Pernambuco, o menino foi socorrido para um hospital local com diversas lesões no corpo. Ele não resistiu e morreu na unidade de saúde. Os suspeitos fugiram em seguida.

Agressões eram constantes
Em entrevista à Radio Pajeú à época do ocorrido, a delegada Joedna Soares, responsável pelas investigações, informou que a perícia havia apontado indícios de violência sexual no corpo de Arthur. 

A delegada também confirmou que o casal que deveria cuidar do garoto já tinha passagem pela polícia e foi preso anteriormente por envolvimento em crimes como tráfico e homicídio.

Giselda da Silva, que estava responsável pelo menino, tem três filhos e costumava publicar fotos e vídeos carinhosos com eles e com o companheiro. A delegada contou que conversou com as crianças, que confirmaram rotineiros episódios de agressões.

"As crianças afirmam que ouviram e sabiam do que estava acontecendo e presenciaram a criança (Arthur) ser maltratada ao longo desse período. As crianças afirmam que (domingo) foi o ápice", destacou a delegada.

Ainda segundo Joedna Soares, os filhos da suspeita relataram que as agressões físicas partiam de Giselda.

"Não há relatos do suspeito (Antônio) participando das agressões anteriores, só do dia da morte da criança", afirmou a delegada.


Prisão e morte de um dos suspeitos
Após diligências, uma ação integrada entre as Polícias Civil e Militar de Pernambuco resultou na prisão do casal suspeito de ter matado Arthur Ramos. Eles foram localizados na noite do dia 18 de fevereiro, na zona rural de Carnaíba, também no Sertão do Pajeú.

A dupla foi conduzida sob custódia, por um comboio policial, para a Delegacia de Polícia de Tabira, responsável pela investigação do caso. A notícia da captura dos suspeitos provocou aglomeração diante da unidade policial.

Centenas de pessoas aguardaram a chegada de Antônio e Giselda. Segundo nota das polícias, antes de chegar à Delegacia de Tabira, "um grande grupo de populares arrebatou um dos presos da equipe policial e passou a realizar seu linchamento".

O espancamento até a morte do suspeito foi filmado e compartilhado nas redes sociais. Após o ocorrido, Antônio foi encaminhado ao Hospital Municipal Dr Luiz José da Silva Neto, em Tabira, mas não resistiu e morreu.

Mãe teve responsabilidade no crime?
Na última segunda-feira (17), a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) concluiu o inquérito e encaminhou para o Ministério Público. Contudo este último órgão devolveu para a PC, solicitando que novas diligências fossem realizadas para apurar possível responsabilidade da mãe na morte de Arthur.

Por meio de nota, o MPPE confirma a informação e diz ainda que as diligências “são vitais para desvendar os pormenores deste crime e assegurar que todos os envolvidos sejam responsabilizados. Não mediremos esforços para chegar à verdade e garantir que a justiça prevaleça”.

“Salientamos que qualquer tentativa de obstrução ou de desinformação será enfrentada com a total rigidez das leis. Contamos com a cooperação de todos para que a integridade deste processo seja mantida e reafirmamos nosso compromisso inabalável com a justiça. Informações adicionais serão divulgadas oportunamente, conforme o avanço das investigações e dentro dos limites legais”, finaliza o comunicado, assinado pelo promotor Rennan Fernandes de Souza.

O que diz a PCPE?
Procurada, a corporação ainda não emitiu resposta sobre o assunto.

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