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Caso Betinho: Laudo de digitais de acusado estava errado, admite a Polícia

Professor foi morto no apartamento, no Centro do Recife, em maio de 2015

Professor BetinhoProfessor Betinho - Foto: Arquivo pessoal

Ademário Gomes tinha 19 anos quando foi indiciado por dois crimes: corrupção de menor e homicídio qualificado. Era um dos suspeitos pelo assassinato de José Bernardino da Silva Filho, 49, o educador Betinho do Agnes, morto na noite de 16 de maio de 2015, no apartamento onde morava, no edifício Módulo, no Centro do Recife. Nesta quarta-feira (6), o pai do adolescente Edson Dantas, diretor do Colégio Presbiteriano Agnes Erskine, deu entrevista à Folha na qual fala sobre os erros da investigação que apontaram o filho como criminoso. Também em entrevista, a gerente-geral da Polícia Científica de Pernambuco, Sandra Santos, confirmou os erros iniciais dos papiloscopistas do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB), responsáveis pelo laudo que indicava serem de Ademário e de um adolescente as impressões digitais encontradas na cena do crime, em um apartamento no Centro do Recife. Outros dois laudos apontaram que as impressões digitais era da própria vítima.

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Dantas conta que, desde o início, Ademário afirmava que nunca esteve no apartamento de Betinho, que as digitais não eram dele. Com permissão da Justiça, conta o pai, foi contratado um perito particular, que atestou que o fragmento encontrado no móvel da sala, de fato, não era do rapaz. A prova foi periciada também pelo Instituto de Criminalística, com o mesmo resultado: além de não ser de Ademário, era do próprio Betinho. O próprio IITB confirmou o erro do laudo papiloscópico. Ao telefone, Sandra confirmou a “divergência”. “Na verdade, a impressão digital que dizem que é do acusado é da vítima. Foi solicitada outra perícia pelo Ministério Público e a gente corroborou o que já havia sido dito antes”, disse Sandra Santos.

Segundo Edson Dantas, quando tomou conhecimento do erro, a defesa do outro adolescente também acusado também solicitou nova perícia, na Polícia Federal, em Brasília. “A conclusão foi que as cinco digitais que eram atribuídas ao menor (encontradas na ferro de passar roupas usado para golpear Betinho), quatro não são possíveis de identificar de quem são. A única que dá para dizer de quem é é da vítima, de Betinho. Aí se diz que é erro. É muito difícil aceitar que seja erro. Foi um conjunto”, desabafa o pai, adiantando que a família procurará seus direitos da Justiça.

Sandra Santos explicou que foi aberto um processo na Corregedoria do Estado e uma investigação criminal pela Polícia Civil para averiguar o porquê desse problema. “Vai-se apurar se houve erro somente ou se houve má-fé. A SDS (Secretaria de Defesa Social) tomou todas as providências cabíveis nesse sentido e quando a Justiça e o MP (Ministério Público) se pronunciaram solicitando da Polícia Científica que refizesse o trabalho, a gente cumpriu todas as demandas. Nesse momento, todo material já foi entregue e a gente está aguardando novas deliberações do Poder Judiciário”, disse.

A gerente-geral disse ainda que, em maio deste ano, os papiloscopistas de Pernambuco, com a publicação de um decreto, não podem mais atuar em local de crime. “Foi percebido que estava tendo muita dificuldade, muito problema e isso foi corrigido. Com o decreto, quem faz perícia é perito criminal e perito legista”, esclareceu. A família de Betinho não foi encontrada para comentar o caso.

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