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INVESTIGAÇÃO

Caso brigadeirão: Júlia diz que foi agredida, mas, pela data, vítima já estava em decomposição

Levada ao IML, exame de corpo de delito confirmou a lesão próxima a região do antebraço

Luiz Marcelo Antonio Ormond segurando brigadeirão no elevador, ao lado da namorada Júlia Andrade Cathermol Pimenta, suspeita de envenená-lo Luiz Marcelo Antonio Ormond segurando brigadeirão no elevador, ao lado da namorada Júlia Andrade Cathermol Pimenta, suspeita de envenená-lo  - Foto: Reprodução

Em depoimento à polícia, Júlia Andrade Cathermol Pimenta, indiciada na última sexta-feira por homicídio triplamente qualificado, afirma ter sido agredida com “tapa no rosto e agarrão no braço” pelo namorado. O tapa teria sido no dia 18 e o puxão no braço na manhã do dia 20 de maio.

Após o relato de agressão no primeiro depoimento, a psicóloga foi encaminhada para realizar exame no Instituto Médico Legal (IML) que confirmou a lesão corporal no antebraço esquerdo, mas, pela data, o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond já estava morto. O cadáver foi encontrado pela polícia no dia 20 de maio, “em estágio de decomposição avançado”.

Ao depor pela primeira vez sobre a morte do namorado, Júlia contou a polícia que Luiz Marcelo teria se irritado quando soube que ela tinha batido com o carro na garagem do prédio. Na versão, ela afirmava que teria levado o carro até o Méier a pedido do namorado para entregar a um homem desconhecido ao qual ele teria negociado o veículo.

Quando contou que tinha batido o carro ao manobrar o estacionamento, no dia 18 de maio, Luiz Marcelo teria “ficado bravo e lhe deu um tapa no rosto”. Ela diz ainda que foi a primeira vez que ele teria agredido ela. Após o tapa e o “agarrão no braço”, teria pedido desculpas, mas em seguida foi agressivo novamente.

Exame
Diante do relato da suposta agressão contada por Júlia, agentes da 25ª DP (Engenho Novo) encaminharam a mulher ao IML para fazer exame de corpo de delito. No instituto, ela disse que a agressão no braço foi na manhã do dia 20.

O laudo constatou “equimose em faixa de 4x0, 3cm em região anterior de antebraço esquerdo”, mas, no mesmo dia 20, o cadáver de Luiz Marcelo foi encontrado pela polícia em decomposição avançada.

Segundo a Polícia Civil, a pessoa responsável por causar as lesões na psicóloga ainda não foi identificada. O caso foi anexado no relatório final do homicídio encaminhado ao Ministério Público.

Seis indiciados
Na sexta-feira, a 25ªDP (Engenho Novo) concluiu e enviou ao Ministério Público o inquérito sobre o caso brigadeirão. Ao todo, seis pessoas foram indiciadas pela morte do empresário Luiz Marcelo Ormond.

Júlia Andrade Cathermol Pimenta, psicóloga e namorada de Luiz Marcelo, e a cigana Suyany Breschak, já presas, foram indiciadas por homicídio triplamente qualificado. A polícia aponta a cigana como mandante do crime, enquanto Júlia é a executadora.

Além delas, a polícia também indiciou por receptação Leandro Jean Rodrigues Cantanhede e Victor Ernesto de Souza Chaffin. Eles são acusados de terem recebido bens de Luiz Marcelo, como o carro, duas pistolas, computadores, celular, ar-condicionado, 12 relógios e outras joias, e de terem tentando negociá-los posteriormente. Leandro era namorado de Suyany e amigo de Victor, com quem a cigana já teve um rápido envolvimento.

Geovani Tavares Gonçalves e o sobrinho Michael Graça Soares são os últimos citados. Os dois foram indiciados por porte ilegal de arma de fogo. Segundo a polícia, eles teriam comprado de Vitor as duas armas do empresário, que foram vendidas com a numeração raspada.

A defesa de Júlia Cathermol Pimenta afirmou que está analisando o relatório e vai falar sobre o caso na próxima terça-feira. A de Suyany, disse que irá provar que ela não teve envolvimento no crime, enquanto a de Leandro e Victor enfatizou que só irá se pronunciar quando tiver acesso ao documento. As defesas de Michael e Geovane não foram encontradas.

Relembre o caso
Luiz Marcelo Antônio Ormond foi visto pela última vez em 17 de maio. Ele aparece, ao lado da namorada e psicóloga Júlia Cathermol, em filmagens de câmeras de segurança do elevador do prédio Portais do Méier, no Engenho Novo, onde ele morava há cerca de 10 anos. No dia 19 de abril, Júlia se mudou para o apartamento dele, data em que a vítima mudou o status de relacionamento nas redes sociais para "casado".

Três dias depois, na noite de 20 de maio, após reclamação de vizinhos sobre um forte odor no nono andar do edifício, bombeiros foram acionados e encontraram o corpo de Luiz Marcelo já em "avançado estado de putrefação". Ele estava sentado sobre o sofá, com ventiladores ligados em sua direção. Segundo o porteiro do bloco onde o empresário morava, Júlia havia deixado a residência por volta das 13h, após receber um cartão de uma agência bancária.

As investigações da polícia apontaram que a psicóloga envenenou Marcelo no dia 17 de maio, com uma sobremesa — supostamente um brigadeirão — repleta de morfina moída. Ela passou três dias no apartamento convivendo com o cadáver, já que é flagrada pelo porteiro e pelas câmeras de segurança circulando pelo prédio nos dias 18, 19 e 20. Júlia chegou a frequentar a academia do lugar.

Para a realização do crime, conta a polícia, a psicóloga teve orientação de Suyany Breschak, cigana e amiga dela há 10 anos. Para os agentes, foi ela quem orientou Júlia sobre como ministrar as dosagens do medicamento que envenenou o empresário, além de ter recebido o carro, as armas, computadores, celular e joias após a morte dele.

À polícia, a psicóloga contou que Júlia tinha com ela uma dívida de R$ 600 mil devido a trabalhos realizados desde a época em que se conheceram, como limpezas, descarregos e banhos.

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