CASO BRIGADEIRÃO

Caso brigadeirão: Risos, dívida por "limpeza espiritual" e frieza marcam depoimento

A psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, se entregou às autoridades após ser considerada foragida

Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, durante depoimento à políciaJúlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, durante depoimento à polícia - Foto: Reprodução

Uma mulher fria. Assim os policiais envolvidos na investigação da morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44 anos, descrevem a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29, principal suspeita do assassinato do namorado. Ele foi encontrado morto no dia 20 de maio passado, no apartamento em que morava no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio. A acusada, que teria dado à vítima um brigadeirão contendo 50 comprimidos moídos de analgésico com morfina, se entregou nesta terça-feira a agentes da 25ª DP (Engenho Novo).

"Eu estava percebendo que ele estava muito cansado. Ele não queria fazer nada. (...) Teve um dia que a gente estava na sala e ele foi na cozinha. Eu ouvi aquele estalo de remédio. Eu perguntei 'tá tomando remédio?' e ele disse 'não'. Aí depois ele abriu a geladeira e bebeu água. E eu não falei nada. Falei 'porra, que esculacho, né?'. E, mesmo assim, nada. Eu brinquei e falei 'pô, você não está gostando mais de mim, né? Porque não é possível'".

Outra situação que os investigadores apontam como sendo de extrema frieza foi o fato de, em 19 de maio, dois dias depois de Luiz Marcelo ser visto vivo pela última vez, Júlia ser filmada num elevador do prédio onde o casal morava preparada para malhar. A psicóloga foi gravada também na academia do edifício.

Suspeita de matar empresário ri durante depoimento à polícia

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Suspeita de matar empresário ri durante depoimento à polícia
Horas antes de o corpo do empresário ser encontrado, mais um flagrante que fez a polícia apontar uma ação fria: Júlia entra no elevador com dois celulares. Um deles, para os investigadores, era de Luiz Marcelo: a suspeita teria usado o aparelho e mandar mensagens e se passando pelo namorado para não levantar suspeitas. Uma amiga do empresário afirmou, em depoimento, ter recebido uma mensagem que tem certeza não ter sido enviada por ele.

Dívida de R$ 600 mil
Também presa durante a investigação do caso, em depoimento, Suyany Breschak, que se apresenta como cigana e conselheira espiritual de Júlia, afirmou que a psicóloga lhe deve R$ 600 mil por trabalhos de “limpeza espiritual”. Ela afirmou ainda que esse valor vinha sendo pago em parcelas mensais de R$5 mil por meio de depósitos bancários há de cerca de cinco anos. Suyany é suspeita de ter sido cúmplice no assassinato de Luiz Marcelo.

Foi a mulher que contou à polícia que ouviu de Júlia a afirmação de que havia feito dois brigadeirões, doce preferido do empresário, e que havia colocado os comprimidos de anestésico num deles. A partir daí a polícia passou a investigar essa hipótese. O laudo que indicará a causa da morte de Luiz Marcelo ainda não ficou pronto.

Garota de programa
Suyany revelou ainda à policia que Júlia tinha medo que sua mãe descobrisse que ela fazia programas. Por isso, costumava pagar à mulher que se apresenta como cigana pelos trabalhos de "limpeza espiritual". O Fantástico, programa da TV Globo, teve acesso ao depoimento de Suyany, em que ela revela o temor da psicóloga.

"Ela pedia para mim sempre banho, limpeza, descarrego para a mãe não descobrir que ela estava fazendo programa" contou a mulher.

Ela relata ainda que, da dívida de R$ 600 mil, Júlia já tinha quitado cerca de R$ 200 mil.

Vida dupla
Suyany Breschak contou ainda que Júlia levava uma vida dupla: nos fins de semana ficava com seu namorado Jean e durante a semana se dividia entre Luiz Marcelo e eventuais atendimentos como garota de programa. Segundo Breschak, o empresário sabia da profissão de Júlia.

Já Jean, ainda de acordo com o relato de Suyany, desconhecia que Júlia era garota de programa e também o relacionamento dela com Luiz Marcelo.

 

'Um ser de luz'

 

Enquanto para a polícia Júlia é uma mulher fria, a mãe a descreve como "um ser de luz". A definição de Carla Cathermol sobre a filha consta em uma postagem feita por ela em abril de 2018, em homenagem ao aniversário da psicóloga. Na publicação, a mulher destaca que a filha “brilha tanto” e deseja que ela tenha “sempre ao lado alguém do bem”:

“Difícil achar palavras para a aniversariante do dia! Um ser de luz, que brilha tanto... Eu poderia ficar o dia inteirinho falando das qualidades, mas vou me apegar ao que te desejo. Suas qualidades todo mundo sabe, basta olhar para você! Desejo que tenha para viver muita paz no dia a dia, pois são eles que ditam nosso estado de espírito. Que você tenha sempre ao lado alguém do bem, assim como é”, escreveu Carla.

Por fim, a mãe afirma que estará sempre com Júlia. “Almejo que seus dias e sua vida sejam floridos e radiantes como ti. Que nunca lhe falte nada e que a felicidade e sucesso caminhem contigo por onde for. Lembre-se sempre de seguir sua estrada de cabeça erguida a cada desafio um crescimento! Eu estarei contigo, pode ter certeza. Desejo aqui o meu feliz aniversario e, claro, muito amor na vida!! Te amo!!”, finaliza Carla.

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