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Saúde

Caso de bailarina de Claudia Leite: lúpus tem relação com parada cardíaca? Entenda

Estudos mostram que a doença autoimune aumenta de forma significativa risco de desfechos cardiovasculares

Isabella Oliveira era bailarina de Claudia Leitte: jovem morreu aos 21 anos Isabella Oliveira era bailarina de Claudia Leitte: jovem morreu aos 21 anos  - Foto: Reprodução/Instagram

A morte da bailarina de Claudia Leite, Isabella Oliveira, após sofrer uma parada cardíaca aos 21 anos de idade, chamou a atenção para uma associação importante, mas pouco conhecida, a do lúpus com problemas cardiovasculares.

De acordo com Gabriel Genain, namorado de Isabella, ela tinha lúpus e insuficiência cardíaca.

O lúpus é uma doença inflamatória, crônica e de origem autoimune, o que significa que o sistema imunológico produz substâncias e anticorpos que levam à inflamação dos tecidos saudáveis por engano.

No caso do lúpus, anticorpos podem atacar células e órgãos do próprio como pele, articulações, rins, pulmões, cérebro e outros. Quando isso acontece, ocorre o lúpus eritematoso sistêmico. Por outro lado, o lúpus pode afetar apenas a pele, sendo denominado, lúpus cutâneo.

A condição pode acontecer em qualquer indivíduo, prém, é muito mais comum em mulheres de 15 a 45 anos — época em que estão no período inicial e no período final da idade fértil.

Não se sabe ao certo o que causa essa resposta disfuncional do sistema imune em primeiro lugar, embora estudos apontem para fatores hormonais, infecciosos, genéticos e ambientais.

Os sintomas mais comuns são lesões na pele e dores nas articulações. A doença não tem cura, mas o tratamento pode controlar e até levar ao desaparecimento das manifestações.

Lúpus X aumento do risco de problemas cardíacos
Por atingir diversos órgãos e tecidos diferentes, o lúpus de fato é associado a um maior risco cardíaco.

Uma revisão de 46 estudos publicada em 2022 na revista científica Lupus encontrou um risco de acidente vascular cerebral (AVC), infarto e doença cardiovascular no geral de duas a três vezes maior entre pacientes com a doença autoimune.

“Devido ao alto risco de mortalidade e morbidade cardiovascular em pacientes com lúpus, especialmente nos mais jovens, é imperativo que os fatores de risco sejam avaliados rotineiramente e que medidas preventivas apropriadas sejam integradas ao plano de gerenciamento da doença”, escreveram os autores.

O impacto de fato é mais significativo nas faixas etárias mais jovens. Um outro trabalho, publicado na Arthritis Care and Research, em 2020, encontrou uma taxa mais elevada de AVC e infarto entre jovens de 18 a 39 anos com lúpus do que aquela observada entre pessoas de 50 a 65 da população geral.

Um estudo mais antigo, publicado em 1997 no American Journal of Epidemiology, chegou a estimar que mulheres de 35 a 44 anos com lúpus tem um aumento de mais de 50 vezes no risco de sofrer um infarto em relação àquelas da mesma faixa etária sem a doença.

Uma publicação da Associação Americana do Coração explica que o lúpus pode causar pericardite, uma inflamação do revestimento do coração, e miocardite, inflamação do músculo cardíaco, e cita que diversos estudos identificaram a doença cardiovascular como a principal causa de morte em pessoas com a doença autoimune.

Michelle Petri, professora de reumatologia da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, diz no artigo que o lúpus também pode acelerar o desenvolvimento da aterosclerose, quando placas de gordura se acumulam e obstruem as artérias.

A insuficiência cardíaca, quadro que Isabella tinha, por exemplo, é uma síndrome clínica que leva o coração a perder ou a diminuir a capacidade de bombear sangue adequadamente geralmente decorrente de outros problemas de saúde que afetam o desempenho do órgão, neste caso o lúpus.

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