RIO DE JANEIRO

Caso do brigadeirão: o que são as duas substâncias encontradas no corpo de empresário morto no Rio?

Laudo identificou a presença de clonazepam, princípio ativo do Rivotril, e morfina, que juntos elevam o risco de óbito por overdose

Luiz Marcelo Antonio Ormond segurando brigadeirão no elevador, ao lado da namorada Júlia Andrade Cathermol Pimenta, suspeita de envenená-lo Luiz Marcelo Antonio Ormond segurando brigadeirão no elevador, ao lado da namorada Júlia Andrade Cathermol Pimenta, suspeita de envenená-lo  - Foto: Reprodução

Um laudo do Instituto Médico-Legal (IML) apontou a presença de duas substâncias no corpo do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44 anos, que morreu em seu apartamento, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio, no último dia 20.

A psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, namorada de Luiz Marcelo, está presa por suspeita de ter envenenado o empresário com um brigadeirão.

De acordo com o documento, as substâncias encontradas no estômago da vítima foram cafeína, morfina, clonazepam e 7-aminoclonazepam. Ainda assim, a causa oficial da morte da vítima ainda não foi confirmada.

O 7-aminoclonazepam é um metabólito do clonazepam, ou seja, uma substância na qual o medicamento é transformado ao passar pelas reações dentro do organismo. Ele é muito utilizado para identificar o uso do fármaco em amostras de fluidos.

 

O clonazepam é um remédio da classe dos benzodiazepínicos. Ele age induzindo o sistema GABA, um grupo de neurotransmissores que inibem a função do Sistema Nervoso Central (SNC). Por isso, muitos medicamentos da classe, por exemplo, eram usados como sedativos, para induzir o sono.

No caso do clonazepam, ele é mais conhecido pelo nome comercial Rivotril. O remédio é muito utilizado em doses mais baixas no tratamento de transtornos de ansiedade, depressão, síndromes psicóticas, entre outros distúrbios psiquiátricos.

Segundo a bula do medicamento, a superdosagem pode causar problemas como redução da pressão arterial, depressão cardiorrespiratória e apneia. Em alguns casos, pode levar o paciente a um coma. Porém, sozinha, a overdose de clonazepam é raramente associada a um risco de morte.

Já a morfina é um forte analgésico da classe dos opioides naturais, extraídos da planta ópio, que pode sim levar à morte em excesso. Ela também atua no SNC, se ligando a receptores que inibem a dor e promovem a sensação de relaxamento, por isso seu uso recreativo ilegal é comum em países como Estados Unidos – onde opioides mais potentes, como fentanil e heroína são as principais causas de mortes por overdose.

Isso porque a morfina também provoca uma depressão respiratória. A respiração pode ficar tão lenta que leva o indivíduo a uma parada cardiorrespiratória. Além disso, segundo a bula do medicamento, o uso junto a benzodiazepínicos, como o clonazepam, potencializa a ação da morfina no organismo e eleva ainda mais o risco de óbito.

Em depoimento à polícia, em 3 de junho, representantes de uma farmácia na Zona Norte do Rio afirmaram que Júlia, namorada de Luiz Marcelo, comprou uma caixa de analgésicos com morfina, o Dimorf, no dia 6 de maio, 12 dias antes de Luiz Marcelo ser encontrado morto.

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