"Caso Flordelis": dia terá testemunhas de defesa e julgamento vai se estender no fim de semana
A pastora e ex-deputada está no banco dos réus ao lado de três filhos e uma neta pela morte do pastor Anderson do Carmo
O julgamento de Flordelis dos Santos entra nesta sexta-feira (11) no seu quinto dia de juri. Previsto inicialmente para durar apenas três dias, o processo ainda está na fase dos depoimentos das testemunhas de defesa e, por isso, o julgamento continuará no fim de semana. Restam nove pessoas a serem ouvidas. A ex-deputada está no banco dos réus ao lado de três filhos e uma neta, acusados da morte do pastor Anderson do Carmo, em 2019.
O quinto dia de juri deve começar pelo depoimento de Sidnei Filho, assistente técnico dos advogados. Também deve ser ouvido é o médico Hewdy Lobo Ribeiro. Para o psiquiatra Flordelis relatou os supostos abusos cometido pelo pastor Anderson do Carmo.
Junto com uma psicóloga, ele entrevistou a ex-parlamentar em 27 de abril deste ano e elaborou um laudo anexado pela defesa ao processo. No documento, Lobo aborda assuntos como as histórias sobre a adoção de crianças — Flordelis diz ter 52 filhos, entre afetivos, adotivos e biológicos — e a relação dela com o marido.
De acordo com o atestado assinado pelos profissionais, ao ser questionada sobre a vida com Anderson, Flordelis afirmou que “ocorriam abusos físicos e sexuais no casamento”, mas não gostava de falar no assunto. Eles registram que, após insistência, Flordelis afirmou “com constrangimento” que, nos últimos anos, Anderson tinha ficado mais violento no ato sexual. “Descreveu que o esposo tinha o hábito de enforcá-la na hora do prazer e chegou ficar desacordada uma vez”, afirmam no texto.
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Flordelis chora durante depoimento: ‘Me perdoa’
Nesta quinta-feira, prestaram depoimento as primeiras testemunhas convocadas pela banca de defesa dos réus. Durante o depoimento do desembargador Siro Darlan, que entre 1990 e 2005 foi juiz da Vara da Infância e Adolescência do Rio, Flordelis se levantou e, chorando pediu desculpas ao magistrado.
Enquanto juiz da Vara da Infância e Juventude, Siro foi o responsável por regularizar a situação das crianças que viviam com Flordelis no meio dos anos 90, quando a ex-deputada era alvo de ações da Justiça. Darlan explicou que uma das exigências feitas na época era de a pastora explicar a origem das crianças, mas que nunca foi feito.
— Me perdoa, doutor Siro, obrigada por tudo que você fez por mim. Sou inocente. Estou muito envergonhada — falou, enquanto era retirada do plenário pela sua defesa para se acalmar. Apesar do prosseguimento do julgamento, a ex-deputada não retornou mais ao juri.
Pedido de exumação do corpo de Anderson
No fim da sessão desta quinta-feira, os advogados pediram a exumação do corpo de Anderson do Carmo para ser feito o teste para arsênio e cianeto. Além da participação no crime que resultou a morte do pastor, os réus também respondem por tentativa de homicídio por supostamente envenenarem Anderson em outras ocasiões. Durante os depoimentos das testemunhas de acusação, filhos afetivos do casal relataram já terem presenciado Simone dos Santos - filha biológica de Flordelis e ré na ação - colocando uma substância no suco do pastor.
Antes do pedido, o perito Sami Abder, testemunha de defesa, afirma ter encontrado erro em ao menos três laudos das investigações da morte do pastor Anderson do Carmo, como o da necrópsia da vítima e os outros dois nos quais foi constatado que o marido de Flordelis vinha sendo investigado. Abder foi a quarta testemunha de defesa ouvida nesta quinta-feira, quarto dia de julgamento. Em seu depoimento, o perito negou que tenha sido contratado pelos advogados da ex-deputada e afirmou que foi apenas indicado pela defesa.
O perito também afirmou que, ao analisar os prontuários médicos de Anderson do Carmo, dos anos anteriores do crime, não há indícios de que ele tenha sofrido envenenamento. Ao juri e em coletiva de imprensa feita ao fim da sessão, Abder afirmou que uma universidade no Rio Grande do Sul teria condições de realizar um exame ainda em 2022 para procurar vestígios de veneno.
Abder também atuou como assistente técnico da defesa do ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho, no Caso Henry, e de Elize Matsunaga.
- A defesa me consultou se era possível a exumação.Eu acho que é um procedimento válido justamente pra gente produzir a prova daquilo que eu disse. Princípio básico: eu não pego o caso no qual eu não acredito não me interessa o tamanho da mídia - afirmou.
Dois laudos — um do Ministério Público e outro da Polícia Civil — atestaram que possivelmente Anderson do Carmo estava sendo envenenado. Os peritos oficiais analisaram os boletins de atendimento médico do pastor — que foi atendido em uma emergência médica seis vezes em um período de cinco meses — e dados da investigação. O corpo da vítima não chegou a passar por exumação. Os investigadores concluíram que, antes de matar a vítima, membros da família tentavam matá-lo envenenado.