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Crime

Caso Jeff: suspeito preso disse que recebeu R$ 500 para mentir em depoimento à polícia, diz delegada

Bruno Rodrigues e Jeander Vinícius da Silva são apontados pela polícia como os responsáveis pelo crime. Corpo de ator, de 44 anos, foi encontrado em baú concretado em terreno na Zona Oeste do Rio

Jeander Vinícius da Silva, suspeito da morte do ator Jeff Machado, chega na Cidade da Polícia após ser preso no Rio Jeander Vinícius da Silva, suspeito da morte do ator Jeff Machado, chega na Cidade da Polícia após ser preso no Rio  - Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Um dos suspeitos que foi preso pelo assassinato de Jeff Machado, Jeander Vinícius da Silva Braga, disse à polícia que recebeu R$ 500 para mentir em depoimento sobre a existência de Marcelo e, assim, confirmar a versão de Bruno Rodrigues, o produtor de TV apontado como principal suspeito pela morte do ator. A informação é da delegada responsável pelo caso, Elen Souto.

— Jeander narrou que quando veio em sede policial recebeu R$ 500 para confirmar a narrativa de que Marcelo existia. A investigação tentava provar que Marcelo nunca existiu e agora isso se confirmou. Fizemos análises dos terminais telefônicos de Bruno e Jeander, além das contradições dos depoimentos. Nunca apareceu Marcelo. Quem inventa o Marcelo é o Bruno. Nós percebemos a ausência do Marcelo nas investigações logo quando o desaparecimento de Jeff é registrado. Bruno e Jeander afirmavam que eram ameaças, mas não tem ligação desse tal de Marcelo para o telefone deles, muito menos mensagens de ameaça — afirmou a delegada.

A prisão de Jeander aconteceu na manhã desta sexta-feira, em Santíssimo, na Zona Oeste do Rio. O produtor de TV Bruno Rodrigues ainda é procurado. Os dois foram indiciados por homicídio duplamente qualificado. Além da morte de Jeff, eles são acusados de ocultar o corpo da vítima numa casa em Campo Grande, Zona Oeste do Rio. Segundo a delegada, não houve negociação para que Jeander entregasse Bruno.

— Não existiu nenhuma negociação para entregar Bruno. Nós desconhecemos a informação de que ele esteja fora do país — afirma Souto.

A delegada afirma que a premeditação do crime começou em 30 de novembro de 2022, quando Bruno decidiu alugar a quitinete onde o cadáver do Jeff seria ocultado. A todo momento, Bruno não queria demonstrar que era ele quem alugava a quitinete se passando por Jeff. No depoimento à polícia, Jeander afirmou que Jeff foi dopado, com uma substância colocada em um suco.

— Segundo Jeander, Bruno dopou Jeff colocando uma substância no suco. Ele foi estrangulado com fio de telefone no quarto dele. Nós podemos afirmar que o crime se deu três dias antes de Jeff acreditar que começaria uma gravação em uma novela das 19h no dia 26 de janeiro. O crime aconteceu no dia 23 de janeiro, no quarto da vítima, entre 15h30 e 18h — disse a delegada.

Depois que Jeff foi morto no quarto da casa onde morava, seu corpo foi colocado em um baú, que estava na sala da casa, em Guaratiba. Os suspeitos o levaram até o imóvel alugado por Bruno, em Campo Grande.

— Eles desceram com o corpo e depositaram dentro do baú. O carro foi conduzido pelo Jeander por um trajeto mais longo e mais ermo para não correrem o risco de serem abordados pela polícia. Eles foram abordados por uma blitz policial e ultrapassaram esse cerco. Eles colocaram o corpo na quitinete alugada por Bruno. Dias depois, contrataram o pedreiro para concretar o piso — informa.

A delegada aponta ainda que a motivação do crime seria exclusivamente financeira.

— A motivação foi exclusivamente financeira, por conta do valor de R$ 20 mil pago por Jeff para a suposta vaga na novela. Bruno se apresentava como assistente de direção de várias emissoras. A investigação provou que houve uma tentativa dele de vender o veículo e a residência da vítima num valor muito abaixo. Isso tudo aconteceu no dia 23 de janeiro, dia da morte — disse a delegada.

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A prisão
Segundo os investigadores, um cerco foi montado por volta das 6h para tentar localizar Jeander. A polícia trabalhava com três possíveis endereços, nos quais o garoto de programa poderia ter se escondido. A localização do suspeito só foi possível com a ajuda de moradores da região, que o denunciaram.

Até às 10h30, Bruno não havia sido localizado. A Polícia Civil acredita que a defesa do produtor peça um habeas corpus à Justiça. Rodrigo Alvim Enseki, namorado do produtor, presta esclarecimentos sobre o caso nesta manhã. Ele foi localizado na casa da mãe de Bruno, em Campo Grande.

MP pede prisão de suspeitos
O Ministério Público do Rio pediu, na tarde de quinta-feira, a prisão temporária do produtor de TV Bruno Rodrigues e Jeander Vinícius da Silva Braga, suspeitos de matar Jefferson Machado Costa. Os dois, segundo a polícia, teriam estrangulado o ator, num crime premeditado, além de terem ocultado o corpo da vítima. O pedido foi assinado pelo promotor de Justiça Sauvei Lai, da 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro.

“Os ora indiciados são suspeitos de praticarem os crimes de homicídio e de ocultação de cadáver contra Jefferson, aproveitando-se do momento em que mantinham relação sexual com a vítima para pôr em prática plano criminoso, estrangulando-a e colocando o seu cadáver em um baú, para, posteriormente, ocultá-lo no terreno do imóvel alugado por Bruno, onde o enterraram e concretaram a cerca de dois metros de profundidade”, diz o documento.

Versão de Bruno
Em depoimento obtido com exclusividade pelo GLOBO, o produtor de TV Bruno Rodrigues conta a sua versão da morte de Jeff Machado. Segundo ele, o crime aconteceu no dia 23 de janeiro, quando ele, Jeander Vinícius da Silva Braga e um homem chamado Marcelo — o qual a polícia afirma ser um personagem fictício — estiveram na casa do ator. Testemunhas ouvidas pela DDPA também indicam que o muro da casa onde o corpo do ator foi encontrado meses depois começou a ser erguido nessa data.

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No material anexado ao processo, Bruno alega que esteve na casa de Jeff para a gravação de um vídeo da relação sexual entre Marcelo, Jeff e Jeander Vinícius. Os três teriam chegado ao local por volta de 13h e, após o ato, que teria sido filmado por Bruno, o ator foi morto com um mata-leão.

— No dia 23 de janeiro, nós marcamos a gravação de um vídeo. Jeff tinha interesse de entrar nessas plataformas, postar vídeos de relações sexuais. Ele já fazia isso, inclusive usando o Twitter. Então, ele decidiu gravar. Me pediu ajuda, porque sabia que eu trabalhava com isso. Comigo foi o Vinícius para participar da gravação e ele chamaria o contatinho dele, a pessoa com quem ele tava ficando na época, que era um rapaz chamado Marcelo. Ele chamou o Marcelo. Cheguei lá com o Vinícius por volta 13h. O Marcelo chegou logo em seguida. Ficamos um pouco ali conversando, tomando um suco e depois subimos — diz em um trecho.

— Eles tiveram a relação deles, eu fiz as filmagens. Algumas no celular do Jeff e outras no celular do Vinicius. Depois que finalizamos isso, eu desci. Não participei do ato sexual, só gravei mesmo. Eles ficaram lá curtindo. Pouco tempo depois, eles desceram com o Jeff. Naquele momento, eu achei que o Jeff tava desacordado — conta — Depois, conversando que o Vinicius contou que Marcelo deu o mata-leão no Jeff.

Segundo as investigações, Jeander e Bruno eram amigos. Eles se conheciam há muitos anos e costumavam participar de encontros juntos. A polícia confirma que ambos planejaram um golpe financeiro, bem como a morte do ator.

Entenda o caso
Jeff foi asfixiado com um fio de metal, na própria casa, em Guaratiba, colocado em um baú e transportado para uma casa alugada em Campo Grande, também na Zona Oeste. A polícia acredita que Jeander Vinícius cavou o buraco onde o baú, com o corpo do ator Jeff Machado, foi concretado. Já Bruno é apontado como o autor do assassinato. Ele teria asfixiado a vítima com um fio de metal.

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Segundo as investigações Bruno teria matado Jeff, após aplicar um golpe por motivos financeiros. A polícia identificou que Bruno conheceu Jeff no período da pandemia e que já naquela época pediu R$ 20 mil ao ator sob a promessa de um papel em novela. Os dois são acusados pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

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