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JUSTIÇA

Caso Kathlen Romeu: após testemunha faltar, Justiça marca nova audiência para 27 de junho

Uma das cinco testemunhas de defesa dos PMs que participavam da operação no Complexo do Lins faltou alegando problemas de saúde

A designer de interiores Kathlen Romeu faleceu aos 24 anos após ser atingida por bala perdida A designer de interiores Kathlen Romeu faleceu aos 24 anos após ser atingida por bala perdida  - Foto: Reprodução/Instagram

Após quase três horas de audiência, o julgamento dos cinco policiais militares envolvidos na morte da designer de interiores Kathlen Romeu foi adiado para o dia 27 de junho. Eles são réus pelos crimes de fraude processual (por alterarem a cena do crime) e falso testemunho, mas não puderam ser julgados na sessão desta segunda-feira porque uma testemunha de defesa dos policiais faltou alegando problemas de saúde. Kathlen tinha 24 anos e morreu após ser atingida por um tiro de fuzil no peito durante uma operação da Polícia Militar no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio, no dia 8 de junho de 2021.

Rodrigo Mondego, procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ que acompanha os familiares da jovem no caso, lamentou o adiamento, alegando que será ''mais um mês de sofrimento para a família" de Kathlen.

"A família da Kathlen foi ouvida: avó, mãe e pai. Estão muito abalados com essa demora. As cinco testemunhas de defesa são policiais militares, e um deles faltou alegando problemas de saúde. Como os réus só podem ser ouvidos depois de todas as testemunhas, o juiz precisou adiar esse resto da audiência. A narrativa dos policiais foi a de que existia um tiroteio no local, mesmo já tendo sido provado pela perícia de que não houve um tiroteio nos moldes apresentados pela polícia" afirmou.

No dia 27 de junho, o juiz Bruno Vaccari vai ouvir seis pessoas no Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJRJ): os cinco réus — que respondem pelos crimes de fraude processual (por alterarem a cena do crime) e de falso testemunho — e a testemunha que ainda resta prestar depoimento.

Inicialmente, a audiência estava marcada para 11 de abril, mas, por uma falha processual, precisou ser adiada: o sorteio para definir o grupo de juízes do julgamento considerou que todos os réus eram "praças", contudo, um deles é capitão. Uma vez que o grupo precisa ser formado por militares de patentes acima às dos réus, o tribunal precisou realizar um novo sorteio.

No dia 17 de dezembro, a Justiça Militar aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) contra os cinco PMs. Os soldados Cláudio da Silva Scanfela, Marcos da Silva Salviano, Rafael Chaves de Oliveira e Rodrigo Correia de Frias respondem, cada um, por duas fraudes processuais e por dois crimes de falso testemunho. O capitão Jeanderson Corrêa Sodré, único oficial acusado, virou réu por fraude processual na forma omissiva.

As investigações da Polícia Civil indicaram que o tiro que matou a designer de interiores partiu da arma de um dos PMs. Dois agentes, ao prestarem depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), responsável pelo caso, admitiram que efetuaram disparos durante a operação no conjunto de favelas.

Segundo a denúncia elaborada pelos promotores e aceita pela Justiça Militar, os quatro praças retiraram o material que estavam no local em que a gestante foi baleada antes da chegada da perícia. Em seguida, o quarteto deixou no local 12 cartuchos deflagrados e um carregador de fuzil. Os itens acabaram entregues na 26ª DP (Todos os Santos) para simular um confronto, caracterizando o crime de fraude processual.

Além disso, a família da vítima afirma ainda que os PMs que estavam no local não prestaram o devido socorro à vítima. Em depoimento, os cinco policiais disseram que, após cessar o confronto, se depararam com a jovem baleada. Eles negaram terem sido autores do disparo que a atingiu por não haver ângulo para acertarem a design de interiores no local onde ela caiu.

Após ser alvejada, Kathlen de Oliveira Romeu foi levada para o Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a secretaria municipal de Saúde, Kathlen já chegou ao hospital sem vida.

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