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RIO DE JANEIRO

Caso Marielle: 'Matar é burrice. Brazão é estrategista político, não faria isso', diz Quaquá no STF

Deputado federal faz defesa ferrenha a Domingos Brazão

O deputado federal Washington Quaquá, no plenário da CâmaraO deputado federal Washington Quaquá, no plenário da Câmara - Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A audiência de instrução e julgamento da ação penal contra os réus apontados como mandantes no Caso Marielle Franco, realizada nesta sexta-feira (20), foi marcada pela defesa ferrenha do deputado federal (PT-RJ) Washington Luiz Cardoso Siqueira, o Washington Quaquá, ao conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ), Domingos Brazão.

O parlamentar afirmou que, apesar de saber que sofrerá um desgaste político com seu depoimento, ele acredita na inocência dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, por entender que assassinar a vereadora Marielle seria uma burrice.

— Eu sou um homem essencialmente de esquerda e democrata. Eu não estaria aqui prestando depoimento num crime contra uma mulher negra, política, sujeito a um desgaste político, se não acreditasse em Domingos Brazão. Matar a vereadora é burrice. Brazão é estrategista político, não faria isso. Brazão sempre agiu com a cabeça. Ele é inteligente acima da média — disse Quaquá, criticando o fato de se dar voz ao colaborador premiado e assassino confesso Ronnie Lessa, que atribuiu o mando do crime à família Brazão e ao ex-chefe de Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa.

O deputado federal, que também é candidato a prefeito da cidade de Maricá, foi convidado pelos advogados de Domingos Brazão como testemunha de defesa.

Embora tenha dito ter convicção de que Domingos Brazão é inocente, Quaquá não apresentou nenhuma evidência que comprovasse o que o levou a ter certeza de que os réus não deram a ordem para a execução de Marielle e do motorista Anderson Gomes.

Segundo o parlamentar, Domingos e Chiquinho já foram condenados pela imprensa.

— Conheço bem Domingos. Quem não conhece Brazão, não conhece o Rio. Domingos era um polo de oposição a Sérgio Cabral (ex-presidente da Alerj e ex-governador do Rio). Foi daí que passei a conhecer Brazão. Domingos apoiou Lula e aproximou a direita da esquerda. Ele já apoiou gente nossa, mas nunca existiu proibição de fazer campanha em redutos dele — defendeu o deputado federal — Infelizmente, ele já foi condenado pela imprensa, mas aqui estamos num julgamento e eu acredito na Justiça — disse o parlamentar.

O promotor Olavo Evangelista Pezzotti, que representa a Procuradoria-Geral da República, questionou Washington Quaquá sobre o motivo de sua convicção na inocência e se ele teria analisado as investigações da Polícia Federal sobre os mandantes. O deputado federal explicou que sua convicção vem do caráter do réu.

— Faço o meu juízo de valor, não sou policial. Eu disse que não acreditava, porque conheço o caráter dele e sua maneira de pensar. Além disso, esse crime bárbaro e desumano, um ponto fora da curva, contra Marielle, é coisa de gente burra, sem a mínima capacidade de discernimento, é coisa de miliciano vagabundo. No que está aparente, tenho certeza que não são eles (Domingos e Chiquinho). Não fariam isso em razão de terrenos — afirmou o candidato a prefeito de Maricá.

A advogada Maria Victoria Hernandez Lerner, assistente de acusação por parte da sobrevivente Fernanda Chaves, perguntou à testemunha a razão de ele ter dito que a família Brazão tem perdido votos em seus redutos eleitorais.

Washington Quaquá respondeu que o crescimento do bolsonarismo tem alterado a dinâmica da política tradicional no Rio:

— O Rio é complicado. Diferente de São Paulo, que tem uma única facção, no Rio há uma bagunça. Cada canto tem um vagabundo mandando. Há um fenômeno do bolsonarismo que entrou forte no Rio e os milicianos são fechados com esta corrente. Isso contribuiu para a perda de espaço da política tradicional. A pior desgraça é a milícia. Ela faz tudo o que o tráfico faz, só que tem ligação com policiais. Há um domínio de território perigoso e real no Rio — afirmou.

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