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Caso Marielle: Ronnie Lessa usava motel abandonado do Rio para testar arma do crime, diz PF

Domingos e Chiquinho Brazão foram presos neste domingo sob a suspeita de mandar assassinar vereadora

Ronie Lessa, acusado de matar Marielle Franco e Anderson GomesRonie Lessa, acusado de matar Marielle Franco e Anderson Gomes - Foto: Reprodução/TV Globo

A Polícia Federal aponta que o executor da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa, usava um motel abandonado no Rio de Janeiro para testar a arma que seria usada na noite do crime contra a parlamentar, em março de 2018. A informação consta no relatório de mais de 400 páginas elaborado pela corporação na investigação do assassinato.

O motel ficava na Estrada do Catonho, Zona Oeste na capital fluminense, e servia como local para que disparos fossem feitos pelos matadores de aluguel. A PF narra que Lessa usava um barranco situado nas proximidades de onde seria destinada a construção de uma nova série de suítes do motel e, em uma oportunidade, "desferiu uma pequena rajada de cinco a seis tiros".

A PF chegou a ir até o motel abandonado na tentativa de que fossem encontrados fragmentos de balas decorrentes dos disparos. A medida acabou sendo frustrada já que o administrador do lugar indicou que em 2018 e 2019 contratou um "trator pequeno para fazer a limpeza da área".

O uso do motel como lugar de treino está no relato feito por Lessa em sua colaboração premiada firmada com a PF.

Ainda de acordo com Lessa, a arma usada no crime foi obtida na comunidade de Rio das Pedras e chegou com a exigência de que ela tinha que ser devolvida após a execução do crime.

"Entretanto, quando RONNIE começa a discorrer sobre as características da arma se depreende o motivo da referida exigência. Certamente se tratava de arma apreendida ou vinculada ao arsenal de alguma força de segurança pública, ante o caráter restrito do armamento", diz a PF.

A Polícia Federal prendeu preventivamente na manhã deste domingo três suspeitos na investigação que apura a morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes. O deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Domingos Brazão são suspeitos de serem mandantes do crime, enquanto o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio, teria atuado para protegê-los. Os três negam a acusação. Segundo investigadores, havia potencial risco de fuga e era necessário surpreender os envolvidos no caso.

Ao todo, estão sendo cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O delegado Giniton Lages, chefe da Delegacia de Homicídios à época dos crimes, também é alvo de um mandado de busca e apreensão.

"A ação conta ainda com o apoio da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro e da Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e tem como alvos os autores intelectuais dos crimes de homicídio, de acordo com a investigação. Também são apurados os crimes de organização criminosa e obstrução de justiça", informou a PF, em nota.

A operação Murder Inc. acontece menos de uma semana após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada firmada por Ronnie Lessa, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República. O ex-policial militar foi preso em março de 2019 pela participação nas mortes e, na delação do também ex-policial militar Élcio de Queiroz, é apontado como autor dos disparos que mataram a vereadora e o motorista. Ele foi expulso da corporação e condenado, em 2021, a quatro anos e meio de prisão pela ocultação das armas que teriam sido usadas no crime.

Em nota, o Ministério Público do Rio de Janeiro afirmou "a operação conjunta tem como alvos os autores intelectuais dos crimes de homicídio, de acordo com a investigação" e que "também são apurados os crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça".

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