RIO DE JANEIRO

Caso Marielle: seis anos após o crime, veja quem são e onde estão os investigados

Vereadora e seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos em 14 de março de 2018, na zona central do Rio

Homenagem à Marielle FrancoHomenagem à Marielle Franco - Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

O assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completa seis anos nesta quinta-feira. São anos em que uma pergunta move as pessoas próximas às vítimas e os investigadores: "Quem mandou matar Marielle?".

Na noite de 14 de março de 2018, a parlamentar e seu motorista passavam de carro — um Agile branco — pelo bairro do Estácio, quando um Cobalt prata emparelhou com o veículo e abriu fogo. Eles morreram na hora, enquanto a assessora da vereadora, Fernanda Chaves, foi a única sobrevivente.

Desde o dia do crime, cinco delegados da Polícia Civil estiveram à frente das investigações das mortes de Marielle e Anderson. Em fevereiro do ano passado, a Polícia Federal assumiu o caso e vários personagens envolvidos na trama foram revelados, como Suel e Macalé. Confira abaixo o que se sabe sobre os investigados de envolvimento no crime.

Os executores do assassinato

Ronnie Lessa
Ronnie Lessa foi preso em março de 2019 pela participação nos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes. Na delação de Élcio de Queiroz, ele é apontado como autor dos disparos que mataram a vereadora e seu motorista. Lessa foi expulso da PM e condenado, em 2021, a quatro anos e meio de prisão pela ocultação das armas que teriam sido usadas no crime.

Élcio de Queiroz
Queiroz é ex-sargento da Polícia Militar e foi expulso da corporação em 2015. Na delação, afirmou que dirigia o carro que perseguiu o veículo onde estavam a vereadora e seu motorista, além da assessora Fernanda Chaves, que sobreviveu ao atentado.

Está preso desde 2019 e fez a delação premiada na qual apontou a participação de mais uma pessoa, o ex-bombeiro Maxwell Simões Correa, o Suel, nas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes.

Os intermediários do crime

Edimilson Oliveira, o Macalé
Apontado pela delação premiada do Ex-PM Élcio de Queiroz — acordo firmado em 2023 — como intermediário da contratação de Ronnie Lessa para o crime. Ele também teria participado das "campanas" feitas para vigiar os passos de Marielle na preparação para o crime.

Macalé foi executado a tiros em novembro de 2021, aos 54 anos. . Ele caminhava para o veículo com gaiolas, já que levava seu curió para um evento de amantes de pássaros. Antes disso, foi citado em inquéritos relacionados ao jogo do bicho, aparecendo como integrante da equipe de segurança de Bernardo Bello e apontado como um dos braços direitos do bicheiro.

Tentativa frustrada de matar vereadora

Maxwell Simões Correa, o Suel
Ex-sargento do Corpo de Bombeiros, Maxwell Simões Correa, também conhecido como Suel, foi apontado como cúmplice de Lessa, é acusado de ter cedido um carro para a quadrilha, esconder as armas após o crime e auxiliar no descarte delas.

Segundo Queiroz, ele também participou da tentativa de matar a vereadora em 2017. Naquela ocasião, Maxwell, que estava dirigindo, não teria conseguido emparelhar com o táxi onde estava Marielle na hora que Lessa mandou. Suel alegou que deu um problema no veículo, mas Ronnie teria dito a Élcio que "não acreditava que teve problema, que foi medo, refugou”, segundo consta na delação

Ele também teria ajudado a monitorar os passos de Marielle e participado da troca de placas do veículo Cobalt e providenciado seu desmanche.

Suel foi preso no dia 24 de julho do ano passado, durante a Operação Élpis, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Rio.

 

Eliminação das provas

Edilson Barbosa, o Orelha
Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha, foi apontado como dono do ferro-velho que desmanchou o Cobalt prata, usado no assassinato. Segundo a denúncia da Força-Tarefa do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado para o caso Marielle Franco e Anderson Gomes (Gaeco/FTMA), o Cobalt foi levado até Edilson no dia 16 de março de 2018. Conforme os promotores, o dono do ferro-velho "embaraçou a investigação", uma vez que deu sumiço ao veículo usado no homicídio. Ele foi preso no fim de fevereiro deste ano.

Outras quatro pessoas também foram presas em desdobramentos do caso nos últimos anos, e depois foram soltoas. Em 2019, alvos da Operação Submersus, Elaine de Figueiredo Lessa (mulher de Ronnie), Bruno Figueiredo (cunhado de Ronnie, irmão de Elaine) e os supostos cúmplices do ex-policial foram presos preventivamente.

Ela era suspeita de comandar as ações para sumir com as armas do marido e apagar vestígios da quadrilha, enquanto seu irmão teria ajudado na empreitada. Os outros alvos dessa operação foram José Márcio Mantovano, o Márcio Gordo, flagrado retirando uma caixa — supostamente com armas — de um apartamento de Ronnie Lessa no bairro do Pechincha.

Já Josinaldo Lucas Freitas, o Djaca, teria sido o destinatário das supostas armas recolhidas por Márcio Gordo. Djaca teria ainda alugado um barco para se livrar do armamento em alto mar.

Investigados executados

Luiz Carlos Felipe Martins
Considerado braço direito de Adriano, o segundo-sargento Luiz Carlos Felipe Martins, conhecido como Orelha (apelido homônimo do preso nesta semana), também foi morto a tiros, em 20 de março de 2021. Homens que estavam num carro dispararam contra o PM em uma rua de Realengo, Zona Oeste carioca. Ele estava de folga.

Hélio de Paulo Ferreira (Senhor das Armas)
Hélio de Paulo Ferreira, o Senhor das Armas, foi assassinado em 28 de fevereiro de 2023, na Rua Araticum, área disputada por milicianos e traficantes que ficou conhecida como a rua da morte, no Anil, também na Zona Oeste. Ele foi outro que chegou a ser investigado no inquérito Marielle e Anderson.

Lucas do Prado Nascimento da Silva (Todynho)
Lucas do Prado Nascimento da Silva sofreu uma emboscada na Avenida Brasil, na altura de Bangu, possivelmente como uma queima de arquivo. Todynho era suspeito de ter participado da clonagem do Cobalt prata usado na execução de Marielle e Anderson. Ele teria atuado na confecção dos documentos falsos do veículo, segundo relatório de inquérito assinado pelo titular da Delegacia de Homicídios na época, Giniton Lages.

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