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POLÍCIA

Caso Padre Airton: "Não adianta investigar correndo por causa da comoção social", diz delegada

Chefe da Diresp, Morgana Alves, diz que 22 pessoas já foram ouvidas

Delegada Morgana AlvesDelegada Morgana Alves - Foto: Marconi Meireles/Folha de Pernambuco

As investigações envolvendo o Padre Airton Freire, criador da Fundação Terra, seguem em curso, de acordo com a Polícia Civil de Pernambuco. No entanto, segundo a chefe da Diretoria Integrada Especializada da corporação (Diresp), Morgana Alves, o caso demanda uma “investigação bem feita” e, por isso, não deve haver pressa nas apurações relacionadas à denúncia.

Em entrevista à Folha de Pernambuco, Morgana Alves disse que a comoção social em torno do caso não deve acelerar as investigações. "Tudo exige muita atenção e cautela, não adianta a gente fazer uma investigação correndo por causa da comoção social, pelo fato dele [o padre] ser uma pessoa pública; isso não ajuda”, disse a diretora da Diresp.

“O que importa é fazer uma investigação bem feita, seja pelo sim ou pelo não, de forma a não deixar margem para questionamentos futuros, nada que ponha em cheque a qualidade das investigações”, completou. 

Ao todo, 22 pessoas já foram ouvidas durante o inquérito. No entanto, devido a sigilos judiciais, a polícia não pôde confirmar se o padre Airton Freire e o seu motorista, Jailson Leonardo da Silva, 36, já prestaram depoimento. 

Morgana Alves também falou sobre a escolha da delegada Andreza Gregório, da Delegacia de Afogados da Ingazeira, no Sertão de Pernambuco, como responsável pela condução das investigações. Segundo ela, fatores como a expertise da delegada e a proximidade geográfica com o local do suposto crime foram fatores fundamentais na decisão. “Essa delegacia reúne todas as condições para atuar nas investigações e tem todo o apoio da corporação, inclusive, de agentes da capital”, afirmou Alves.

“Estamos deixando a delegada bem tranquila, mas cobrando uma investigação irretocável para dar uma resposta à população”, completou. 

Sobre os prazos para a conclusão das investigações, a chefe da Diresp, afirmou que não há data estimada. 

“A gente sabe que o prazo regulamentar de um inquérito legal é de 30 dias, quando se trata de suspeito solto, podendo ser solicitada uma dilação do prazo. Porém, esse tipo de crime demanda uma maior complexidade e geralmente a gente carece de provas testemunhais, um processo muito mais complexo”, disse Morgana Alves, ressaltando que o andamento das apurações depende, ainda, de resultados de laudos periciais, que já estão sendo analisados pela Polícia Científica.

Em resposta à Folha de Pernambuco, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) confirmou que está em diálogo com a Polícia Civil. "Por se tratar de um inquérito sigiloso, não serão divulgadas informações sobre o caso", disse o MPPE em nota. 

Entenda o caso
O padre Airton Freire é acusado por uma fiel de orquestrar um estupro em agosto de 2022. A suposta violação teria acontecido na residência do religioso, conhecida com “casinha”, está localizada na Fazenda Malhada, sede da Fundação Terra, em Arcoverde, Sertão de Pernambuco.

Segundo a denunciante, Freire teria pedido ao seu motorista, Jailson Leonardo da Silva, 36, para que a estuprasse enquanto ele assistia à cena e se masturbava. Por meio de nota, o pároco negou as acusações e disse estar se sentindo “injustiçado”.

Na quarta-feira (31), dias após a veiculação das denúncias na imprensa local, o padre Airton Freire foi proibido de “presidir ou administrar qualquer Sacramento”, ou seja, de exercer as funções de padre. A decisão foi tomada pela Diocese de Pesqueira, em nota assinada pelo bispo Dom José Luiz Ferreira Salles. 

Por meio das redes sociais, Airton Freire afirmou, na madrugada desta sexta (2), que  em um “período de silêncio voluntário”. 


 

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