Julgamento

Caso Patrícia: Perícia reforça que não houve frenagem do carro na rota de colisão

Para a defesa de Guilherme, acusado do crime, há uma série de inconsistências nos laudos

Éwerton de Goes Nunes, perito criminal da Gerência Geral de Polícia CientíficaÉwerton de Goes Nunes, perito criminal da Gerência Geral de Polícia Científica - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

No quarto dia do julgamento de Guilherme José Lira dos Santos, acusado pelo Ministério Publico de Pernambuco (MPPE) de jogar carro em árvore para matar ex-exposa no Recife, em novembro de 2018, peritos criminais que elaboraram os laudos após o incidente prestaram depoimento.

Foram apresentados, na tarde desta quinta-feira (13), na 1ª Vara do Tribunal do Júri Popular da Capital, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra,vídeos captados através de câmeras de seguranca posicionadas na rua Fernandes Vieira, no bairro da Boa Vista, área central da cidade, onde ocorreu a colisão. 

De acordo com o perito criminal Éwerton de Goes Nunes, da Gerência Geral de Polícia Científica, não houve frenagem do veículo nos momentos que antecederam o choque com a árvore.

“Ficou claro que, durante todo o trajeto, não houve o acionamento mecânico dos freios. Podemos afirmar isso sem dúvidas, porque aquela luz do freio, chamada de break light, não foi acionada. No momento da colisão - por causa da inércia [tendência de um corpo de continuar o movimento em uma desaceleração brusca] do corpo do motorista, de um ato reflexo ou por efeito da própria colisão - essa luz finalmente acende, o que significa que não havia problemas de funcionamento nessas lâmpadas”, disse o perito, que também chamou atenção para a ausência de marcas de frenagem na via. 

Reprodução de imagens da colisão durante depoimento do perito Éverton de Goes NunesReprodução de imagens da colisão durante depoimento do perito Éwerton de Goes Nunes | Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

O perito afirmou, ainda, que as imagens indicam que houve um “leve desvio” que mudou a trajetória do carro instantes antes da colisão, o que teria feito com que o veículo fosse atingido lateralmente:

“Os vídeos [das câmeras de seguranca] A trajetória do veículo é uma trajetória continua, que não condiz com um trajeto normal de um veículo. O vídeo mostra que outros veículos se mantém na faixa, diferente do Cobalt [carro do réu], que desvia levemente da rota”.

“O dano gerado na região frontal, do lado direito, só existiu por causa de uma correção na direção que permitiu que ele se chocasse com a árvore“, completou o perito.

De acordo com os laudos, as análises das imagens indicam, também, que a alteração na rota do carro “não condiz com uma perda de dirigibilidade”.

“É muito comum que um sinistro de transito se inicie com um movimento quase aleatório, percebe-se que nesses casos há uma trajetória irregular. Tecnicamente, pela análise dos vídeos, o movimento que o carro faz não condiz com uma perda de dirigibilidade”, disse  Éwerton de Goes Nunes.

Defesa questiona
Para a defesa de Guilherme, há uma série de inconsistências nos laudos que não permitem que uma conclusão seja tomada a partir deles.

“Identificamos várias falhas que existem nesses laudos e podemos afirmar que alguns deles são inconclusivos. A defesa tende a explorar, tecnicamente, essas inconsistências. A partir de uma simples leitura dos laudos, não conseguimos concluir se houve feminicídio ou acidente”, disse um dos advogados de defesa, Guilherme Ferraz.

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