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FRANÇA

Caso Pelicot: Entenda como marido produziu as provas materiais contra si em estupro de sua mulher

Investigação encontrou material que incluía não apenas registros dos abusos, mas também mensagens e convites enviados por Dominique a outros homens, incentivando-os a participar dos atos criminosos

Gisèle Pelicot Gisèle Pelicot  - Foto: Miguel Medina/AFP

Em um tribunal lotado na quinta-feira em Avignon, França, o juiz pediu a cada uma das dezenas de homens acusados de estuprar Gisèle Pelicot — enquanto ela estava quase em coma e a convite de seu marido de 50 anos — que se levantassem brevemente. Todos os 51 homens acusados tinham sido condenados, a maioria deles por estuprar Pelicot em seu próprio quarto. Seu ex-marido, Dominique Pelicot, 72, que admitiu tê-la drogado por quase uma década para abusar dela, foi o único a receber a sentença máxima: 20 anos. Os demais receberam penas que variavam, em sua maioria, de seis a nove anos.

O desfecho foi possível depois que a investigação contra Dominique Pelicot começou em 2020, após ele ser pego filmando por baixo das saias de mulheres num supermercado. Na ocasião, a polícia descobriu mais de 20 mil fotos e vídeos de abusos cometidos contra sua então esposa, organizados em pastas meticulosamente organizadas, com títulos como “abusos”, “estupradores” e “noite sozinha”, ao longo de quase uma década.

 

Também foram encontrados vários registros de ligações telefônicas e conversas entre ele e os agressores. Essas conversas começavam on-line, no site de encontros Coco.fr, e depois eram transferidas para uma sala privada deste mesmo site, fechado desde junho pela justiça por ser um "local de predadores". Seguiam, então, pelo Skype ou por telefone.

As imagens e nomes levaram à identificação de dezenas de cúmplices, ainda que nem todos tenham sido localizados.

Muitos dos vídeos e fotos mostravam Pelicot inconsciente, sendo sexualmente penetrada por dezenas de homens. Algumas fotos também mostravam sua filha Caroline dormindo. Ela disse que não é dona da lingerie que estava usando nas fotos e que nunca dorme naquela posição.

A nora e a ex-nora do casal também apareceram em várias fotos tiradas sem o conhecimento delas enquanto se despiam no banheiro. As três mulheres também eram demandantes no julgamento, e Dominique Pelicot foi adicionalmente condenado por tirar e distribuir suas fotos.

Ao longo do julgamento, que começou em 2 de setembro e atraiu a atenção da imprensa internacional, Gisèle renunciou ao seu direito de anonimato e defendeu que os vídeos dos abusos fossem exibidos na Corte. A vítima argumentou que a medida era importante para "permitir que sua história chegasse ao mundo" e para transferir a "vergonha" de volta para os acusados.

Com New York Times.

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