Saúde

Caso Wesley Safadão: veja 5 maneiras mais erradas de combater a ansiedade

Cantor disse que estava há mais de três dias sem dormir e precisou tomar um remédio 'sossega leão' para ele poder descansar

'Para quem não está entendendo, o que o Safadão tem, na verdade, é cabeça, é mental', disse o cantor em seu último show realizado no domingo 'Para quem não está entendendo, o que o Safadão tem, na verdade, é cabeça, é mental', disse o cantor em seu último show realizado no domingo  - Foto: Divulgação

O cantor Wesley Safadão anunciou por meio de suas redes sociais que dará uma pausa por tempo indeterminado na carreira. O artista estaria passando por “fortes crises de ansiedade”, segundo a assessoria dele. No último show que ele fez em Natal, no mesmo dia, Safadão disse que não está bem nos últimos dias.

“Estou faz três dias sem conseguir dormir. Para quem não está entendendo, o que o Safadão tem, na verdade, é cabeça, é mental. Me deram um sossega leão antes desse show, consegui cochilar umas horinhas, e consegui fazer esse show. São dias delicados, eu não venho muito bem nos últimos dias", explicou.

Após a apresentação, o perfil oficial do cantor anunciou que ele fará uma pausa na carreira por tempo indeterminado, por recomendação médica, para conseguir se recuperar.

A ansiedade é uma resposta fisiológica, cognitiva e comportamental do organismo, na qual uma série de sintomas são experimentados, como o aumento da frequência cardíaca, sudorese, tontura, sensação de engasgo e pressão no peito. Porém, ela se torna um transtorno quando começa a ser constante, com preocupações e incômodos irreais que dominam a mente, às vezes até paralisando quem a sente.

Segundo pesquisas, aproximadamente 30% da população já teve uma crise como essa em algum momento da vida, e muitas pessoas não sabem identificar que a origem pode ser a ansiedade. Na crise de ansiedade, as pessoas têm medo de que acontecimentos ruins possam afetá-las e passam a sentir sintomas psicológicos e físicos.

Confira 5 maneiras mais comuns (e erradas) de combater a ansiedade:

Exagerar nos ansiolíticos
A indicação segue a mesma lógica de recorrer a analgésicos quando se tem dor de cabeça. Os benzodiazepínicos (lorazepam, diazepam, bromazepam, etc.) atuam no sistema inibitório do GABA no cérebro, favorecendo a calma, o relaxamento muscular e a indução do sono. No entanto, as diretrizes clínicas recomendam limitar seu uso a dois meses (e outro de retirada gradual), dado o risco de tolerância (que para o mesmo efeito precisamos de mais e mais doses) ou dependência (que se deixar de usar os medicamentos, surgirão sintomas de abstinência).

Alguns "benzos" (principalmente os potentes e rápidos, como o alprazolam, que produz um "tiro calmante") circulam no mercado ilegal como uma droga. Isso não quer dizer que “todas as drogas psicoativas são drogas”, ou que os controles que uma caixa de diazepam passa para ser vendida na farmácia sejam equivalentes aos que drogas ilícitas. Felizmente, temos órgãos públicos, nacionais e internacionais, que garantem rígidos critérios de qualidade, segurança, eficácia e correta informação dos medicamentos. Por exemplo, nos transtornos de ansiedade, os antidepressivos (apesar do nome enganoso) são muito úteis, pois atuam a longo prazo, prevenindo ataques de pânico e reduzindo os níveis de ansiedade generalizada. Essa opção, claro, é compatível com a psicoterapia, principal tratamento validado.

Consumir álcool ou drogas
Substâncias tóxicas como bebidas alcóolicas são mais normalizadas em nossa sociedade, e seus riscos e consequências negativas no cérebro são frequentemente banalizados. Já vimos muitas vezes que a ansiedade pode ser a porta de entrada para o alcoolismo grave, e que entre 7% e 10% daqueles que experimentam a maconha "para se acalmar" desenvolvem uma dependência. Estas substâncias não podem ser a solução.

Fugir e evitar
A má notícia para quem sofre de ansiedade é que a fuga constante do desconforto aumenta a ansiedade. A esperança está no contrário, isso porque o paciente que enfrenta seus medos e se expõe progressivamente, melhor ainda se for com ajuda profissional, tem boas chances de melhorar. Evitar consiste em ficar em casa esperando que a ansiedade pare, espontaneamente. Ou, se a ansiedade foi desencadeada no ambiente de trabalho, caso se apoie em atestados médicos pelo maior tempo possível: o retorno será difícil. Claro, ninguém gosta de ficar doente e a honestidade de uma pessoa que está sofrendo não deve ser questionada.

Mas por vezes a tendência de esquiva característica desses transtornos está alinhada com a ineficácia do sistema: alta do médico de família, consulta de saúde mental daqui a 3 meses, revisão daqui a 2 meses, não há psicólogo clínico disponível, e vemos licenças por ansiedade de 6, 8 ou 10 meses de duração, e o paciente apavorado com a possibilidade de reintegração. Na Espanha, os transtornos mentais são a segunda causa de afastamento por invalidez temporária, estimado em um para cada 100 trabalhadores por ano, o que significa um gasto de 30 milhões de euros por invalidez temporária.

Buscar pseudoterapias
Produto do desespero ou sugerido pelo discurso anticientífico pós-moderno, alguns pacientes buscam o remédio nas pedras quentes, na acupuntura ou no reiki. Haverá quem o ajude, mas não pode ser uma alternativa ao nível dos tratamentos cientificamente validados, farmacológicos ou psicoterapêuticos. São opções atrativas, por vezes oferecendo a fantasia de um olhar mais holístico (o que pode ser verdade), mas porque não apostar num método transparente e replicável para nos convencer da sua eficácia?

Sempre procurar um motivo
A psicanálise popular e alguns filmes nos convenceram que qualquer transtorno mental é resultado de um conflito complicado intrapsíquico que deve ser revelado por meio de uma longa terapia. Quando o paciente resolve o quebra-cabeça (ou tem insight, é a palavra usada), os sintomas diminuem. Infelizmente, a realidade não costuma ser assim. Há pacientes que se curam sem saber exatamente por que desenvolvem a ansiedade e outros que compreendem perfeitamente a origem histórica do quadro, mas permanecem ansiosos e angustiados, regidos por uma fisiologia hiperativa baseada em um modo permanente de "luta ou fuga".

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