Casos de dengue crescem 30% em comparação a 2022 no país e avançam no Sul e Sudeste
Ministério da Saúde analisa nova vacina contra o vírus aprovada em março pela Anvisa
O número de casos prováveis de dengue entre janeiro e abril no país é 30% maior do que o registrado durante o mesmo período no último ano, segundo o Ministério da Saúde. De 690,8 mil em 2022, o vírus somou 899,5 mil ocorrências nos quatro primeiros meses de 2023.
A pasta cita a variação climática e aumento das chuvas, o aumento de pessoas suscetíveis às doenças e a mudança na circulação de sorotipos do vírus como alguns dos fatores para o crescimento. Nos últimos meses, a doença avançou para Paraná e Santa Catarina, estados que antes apresentavam baixa incidência.
— O que acontece é que temos a expansão do vírus para áreas onde ele não circulou de forma muito intensa anteriormente. Nesses locais, existem pessoas suscetíveis, abundância de vetores e vírus circulando — disse a coordenadora de vigilância das arboviroses da Saúde, Lívia Vinhal, no lançamento da campanha nacional de combate à dengue, zika e chikungunya nesta quinta-feira.
Outros estados com alta incidência são Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Acre e Rondônia. As ações do governo contra o mosquito transmissor serão diferentes conforme a região, explica a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel:
— As fontes de criadouros são diferentes. Onde o maior criadouro é lixo, o trabalho será um, onde o maior criadouro é água, o trabalho será outro. Inclusive, um aporte financeiro a famílias para um armazenamento melhor da água enquanto o problema não se resolve.
São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Paraná vivem um cenário de mais de 500 diagnósticos de dengue a cada 100 mil habitantes, acima da média no Brasil. Por outro lado, o número de mortes pela doença caíram em relação a 2022: foram 557 entre janeiro e abril do ano passo, e 333 este ano.
Em 2022, o Brasil registrou o ano mais letal da dengue em toda a série histórica, ultrapassando 1.000 mortes em 12 meses. Além disso, o ano registrou um milhão de casos da doença, número 162,5% maior que o total de 2021.
Na tentativa de frear a escalada de contaminações, o Ministério da Saúde lançou hoje uma campanha contra a doença e outras duas transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, zika e chikungunya.
— Nos primeiros meses, nosso foco é a redução dos óbitos. Foram mais de 900 mil casos diagnosticados das 3 doenças e os óbitos não foram tantos, mas nos preocupam e não deveriam acontecer — afirmou a secretária de Vigilância. Desde janeiro, 19 pessoas morreram por chikungunya no país, e nenhuma por zika.
De acordo com a pasta, parte significativa dos óbitos por dengue e chikungunya se deve à demora na procura por serviço médico, demora no atendimento ou a atendimentos incorretos.
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A principal estratégia contra a dengue no Brassil continua sendo a campanhas de prevenção, que busca reduzir a proliferação do mosquito, como evitar a água parada, tampar caixas d’água e colocar areia nos pratos de vasos de planta.
Nova vacina aprovada
Em março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro de uma nova vacina para a prevenção da dengue. O imunizante Qdenga, da empresa Takeda Pharma, é composto por quatro diferentes sorotipos do vírus causador da doença e promete ampla proteção para quem teve ou não a enfermidade.
O novo imunizante pode ser aplicado em crianças acima de 4 anos, adolescentes e adultos até 60 anos de idade, inclusive aqueles que nunca foram infectados. Seu esquema de aplicação será com duas doses e intervalo de 3 meses entre elas. A administração é subcutânea.
Um outro imunizante contra a doença, este sendo de dose única, está no estágio final do desenvolvimento pelo Instituto Butantan. Em dezembro, o instituto apresentou à Anvisa os dados preliminares do estudo, e a previsão é que o medicamento seja aprovado no início de 2025.
Sobre o tema, a secretária Ethel Maciel limitou-se a dizer que o Ministério da Saúde "aguarda com muita ansiedade que novas vacinas e novos métodos possam ser incorporados [ao SUS] assim que as evidências permitirem".