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Castillo defende seu governo e denuncia campanha para destituí-lo

Presidente completa seu primeiro ano de mandato cercado por investigações

Presidente peruano Pedro CastilloPresidente peruano Pedro Castillo - Foto: Peruvian Congress / AFP

O presidente peruano, o esquerdista Pedro Castillo, defendeu seu governo, nesta quinta-feira (28), em uma mensagem ao país após completar seu primeiro ano de mandato cercado por investigações, às quais atribui a uma campanha midiática para destituí-lo.

"Eles reivindicam (a destituição) não por falta de resultados, ou por acusações inexistentes, mas por interesses privados e para evitar as mudanças que meu governo está determinado a realizar", disse Castillo ao Congresso, dominado pela oposição de direita.

"A imprensa espalha mentiras e notícias falsas. Eles vão se cansar de procurar provas, porque não vão encontrá-las", acrescentou o presidente.

"Estou à disposição da Justiça para esclarecer os crimes que pretendem me imputar, para esclarecer os processos na Justiça", destacou durante seu discurso sobre o 'Estado da Nação', no qual dedicou várias passagens a negar as denúncias contra ele.

"Acusações que não serão comprovadas", reiterou Castillo desafiadoramente, em meio à rejeição de alguns congressistas.

Keiko Fujimori, líder da oposição, pediu a Castillo que renuncie.

"Respeitando a Constituição, o FP (Força Popular, partido fujimorista) permitiu que (Castillo) exponha sua mensagem para transmitir a ele no final o que a maioria dos peruanos lhe diz: RENUNCIE CORRUPTO!", tuitou a filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990- 2000).

"E se isso não acontecer, será o povo e seus representantes que acabarão com esse governo nefasto", acrescentou no Twitter.

Cinco investigações

Castillo, um professor rural de 52 anos, completa um ano de mandato com o recorde de cinco investigações do Ministério Público contra ele por suspeita de corrupção e sob assédio constante de um Congresso dominado pela oposição de direita, que exige sua renúncia.

A recente decisão da procuradora-geral da República, Patricia Benavides, de abrir uma nova investigação por "obstrução da Justiça" ao proteger três membros fugitivos de sua comitiva impulsionou um terceiro pedido de impeachment em 12 meses.

Das cinco investigações, quatro são para casos ocorridos em seu governo. As causas incluem um suposto tráfico de influência na compra de combustível pela estatal Petroperú em 2021 e a suposta obstrução da Justiça na destituição de um ministro do Interior.

Ele também é acusado de tráfico de influência em um processo sobre promoções militares; de corrupção e conluio agravado em um projeto de obras públicas; e, finalmente, de plágio em sua tese universitária.

O presidente nega veementemente todas as acusações.

O Ministério Público, que é autônomo e promove a investigação do caso Odebrecht que afetou outros quatro presidentes peruanos, considera que há indícios de que Castillo chefia "uma organização criminosa" que envolve seu ambiente político e familiar. No entanto, não pode levá-lo ao tribunal, pois Castillo tem imunidade até o final de seu mandato em 2026.

Na terça-feira, Bruno Pacheco, ex-secretário de Castillo procurado por corrupção, entregou-se às autoridades em mais um golpe contra a imagem do presidente.

"Renuncie Castillo"

A tensão aumentou durante vários trechos da mensagem, como quando vinte dos 130 parlamentares se retiraram em protesto e outro grupo deu as costas para Castillo. 

"Corrupto!", exclamou em voz alta a conservadora Patricia Chirinos, interrompendo Castillo.

O governante encerrou sua mensagem, que coincide com o dia nacional do Peru, em meio a gritos pedindo sua renúncia.

"Renuncie corrupto, fora corrupto", ressoou na bancada do partido fujimorista.

"Fujimori nunca mais!" respondeu a bancada minoritária da coalizão de esquerda que apoia Castillo.

Enquanto isso, do lado de fora do Congresso, centenas de manifestantes marcharam exigindo a renúncia do presidente.

"Estamos marchando porque somos contra esse regime corrupto. Não há o que comemorar", disse à AFP Rodolfo Fernández, do Coletivo Social Dignidade e Liberdade.

Paralelamente, um grupo menor de apoiadores e sindicatos marcharam a favor do presidente também em direção ao Congresso.

De maneira inesperada, Castillo venceu as eleições à frente de um partido nanico marxista-leninista, com 50,12% dos votos, em um segundo turno contra a direitista Keiko Fujimori.

O cenário atual evoca o destino dos ex-presidentes Pedro Pablo Kuczynski e Martín Vizcarra, que sobreviveram a uma primeira moção de impeachment, mas não a uma segunda em 2018 e 2020, respectivamente, em meio a confrontos com o Congresso e denúncias de corrupção. 

Castillo sobreviveu a duas tentativas de impeachment "por incapacidade moral" no Congresso, ajudado pela corrupção e fragmentação do Congresso de 130 membros, que não possui os 87 votos necessários para removê-lo do cargo.

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