Castillo teria sido induzido a ler discurso golpista, insinua ex-chefe de gabinete
Guido Bellido disse que ex-presidente peruano disse não se lembrar do porquê leu o decreto que dissolveu o Congresso
O ex-chefe de gabinete de Pedro Castillo, Guido Bellido, disse nesta sexta-feira (9) que o ex-presidente preso "pode ter sido induzido" a dissolver o Congresso e "não se lembra" de ter lido o decreto golpista que levou ao seu impeachment.
"Eu perguntei: 'por que você fez a leitura?' (do decreto que dissolveu o Congresso). Ele me respondeu que não se lembrava", disse à imprensa o deputado Guido Bellido, depois de visitar Castillo na base policial em Lima onde o ex-presidente está detido preventivamente enquanto é investigado por rebelião e conspiração.
"Há indícios de que o presidente foi obrigado a ler a mensagem de dissolução, e quem redigiu o texto o fez com o objetivo de dar argumento para a vacância (impeachment), porque até então não tinha os votos (no Congresso). Exigimos que se determine quem foram os artífices desta queda", afirmou Bellido no Twitter.
O Congresso tinha agendado debater na quarta-feira a destituição de Castillo. Mas o presidente se antecipou e, três horas antes, anunciou em discurso televisionado a dissolução do Congresso, a implementação de um toque de recolher e que governaria por decreto.
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Bellido também questionou as condições mentais de Castillo.
"O estado psicológico de Castillo ao ler a mensagem à nação mostra que ele estava fora de si, o que sugere que ele poderia ter sido induzido (a ler a mensagem). Um exame toxicológico é urgente", pediu em um tuíte.
Bellido, que foi o primeiro ex-chefe de gabinete de Castillo em 2021, disse que a prioridade é "libertar o professor Pedro Castillo".
A versão de que Castillo agiu sob efeito de alguma substância também foi cogitada por Guillermo Olivera, um de seus advogados.
"O que eu sei é que quando o ex-presidente leu essa mensagem escrita por outros, minutos antes lhe deram uma bebida, supostamente água. E depois de beber a água, ele se sentiu tonto", afirmou Oliveira a jornalistas.
"Todo mundo viu que ele estava lendo de maneira trêmula, e eu suponho que ele também estava um pouco sedado", concluiu o advogado.