Guerra

Catar acusa Netanyahu de tentar obstruir negociações de cessar-fogo em Gaza para ganhos políticos

Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Doha, Majed al-Ansari, os comentários atribuídos ao líder israelense sobre a mediação do Catar foram "irresponsáveis e destrutivos"

Benjamin Netanyahu faz reunião em Tel Aviv Benjamin Netanyahu faz reunião em Tel Aviv  - Foto: Ohad Zwigenberg / POOL / AFP

O governo do Catar afirmou na noite de quarta-feira que estava "chocado" com os comentários atribuídos ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que teria sido flagrado em áudio chamando o papel do país como mediador na guerra de Gaza de "problemático". Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Doha, Majed al-Ansari, os comentários do líder israelense foram "irresponsáveis e destrutivos", mas "não surpreendentes", e o acusou de obstruir novas negociações de cessar-fogo e libertação de reféns com o grupo fundamentalista islâmico Hamas para ganhos políticos pessoais.

"Se as observações relatadas forem consideradas verdadeiras, o primeiro-ministro israelense estaria apenas obstruindo e minando o processo de mediação, por razões que parecem servir à sua carreira política, em vez de priorizar o salvamento de vidas inocentes, incluindo reféns israelenses", escreveu Ansari no X (antigo Twitter).

Durante uma reunião esta semana com as famílias de reféns mantidos em Gaza, Netanyahu culpou o Catar por financiar o Hamas e disse estar "zangado" com a decisão dos Estados Unidos de estender a presença de uma base militar no Estado do Golfo, de acordo com o canal de notícias israelense Channel 12.

"Você não me ouve agradecendo ao Catar... que essencialmente não é diferente das Nações Unidas ou Cruz Vermelha, e até mais problemático. Não tenho ilusões quanto a eles", Netanyahu supostamente diz em uma gravação obtida pelo Channel 12. "Eles têm os meios para pressionar [o Hamas]. E por quê? Porque eles os financiam", continua ele.

O Catar é o lar do quartel-general regional do Comando Central do Pentágono na Base Aérea de al-Udeid e permite visitas regulares de navios da Marinha dos EUA que patrulham a região do Golfo. Também abriga a liderança política do Hamas e, nos últimos anos, enviou centenas de milhões de dólares em ajuda à Faixa de Gaza, que tem sido controlada pelo movimento islamista palestino desde 2007.

O Gabinete de Netanyahu não emitiu uma resposta pública sobre o comentário.

Netanyahu irredutível
Israel acusa há muito tempo organizações internacionais como a ONU de serem tendenciosas. Por outro lado, Doha emergiu como mediador internacional em conflitos recentes, como Ucrânia, Sudão e Afeganistão, além de ter desempenhado um papel em conflitos anteriores em Gaza. Junto com Egito e Estados Unidos, foi um dos mediadores de um acordo de cessar-fogo de uma semana em novembro que levou à libertação de 105 reféns. Acredita-se que 130 permaneçam presos no enclave.

Desde então, os mediadores apresentaram vários planos nas últimas semanas, até agora com poucos progressos evidentes. Diversos oficiais de segurança do país, tanto atuais quanto antigos, sugeriram que fazer um acordo com o Hamas seria a única maneira de trazer os reféns de volta com segurança para Israel.

Segundo o site Axios, Israel fez uma proposta, por meio de negociadores cataris e egípcios, de uma trégua de até dois meses com parte de um acordo mais amplo que incluiria a libertação de todos ao reféns. Netanyahu, no entanto, tem se mostrado irredutível, rejeitando repetidamente a ideia de um cessar-fogo em Gaza e de um acordo com o Hamas.

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A guerra estourou em 7 de outubro com a incursão de comandos do Hamas que deixaram cerca de 1.140 mortos em Israel, em sua maioria civis. Cerca de 250 pessoas também foram sequestradas e levadas para Gaza. Segundo uma contagem, 132 permanecem cativas, das quais se estima que 28 morreram.

Em contrapartida, a ofensiva lançada por Israel em Gaza deixou, até agora, 25.900 mortos, em sua maioria mulheres, crianças e menores, de acordo com o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas. (Com AFP.)

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