Metroviários vão votar proposta da CBTU e paralisação pode voltar; entenda
Encontro de empresa e categoria aconteceu de forma remota
A quebra de braço entre o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) parece não estar caminhando para o fim. É que aconteceu, na última quarta-feira (30), mais uma rodada de negociações entre os dois lados. Esta foi a oitava. Nada foi resolvido ainda.
A reunião entre sindicato e CBTU aconteceu de forma online. O sindicato da categoria alega que a proposta foi inferior ao que está sendo pedido. A empresa propõe o reajuste salarial de 3,45%, mas sem correção da base salarial.
O presidente do Sindmetro-PE, Luiz Soares, conversou com a reportagem. Ele alega que fica difícil enxergar uma solução para o fim da mobilização sem que haja uma iniciativa por parte da empresa de sanar a questão salarial dos metroviários. Por causa disso, uma assembleia, que estava marcada para a próxima semana, foi antecipada para esta sexta-feira (1º), onde a proposta será analisada pela categoria, que vai votar pelo fim ou continuidade da greve. Dependendo do resultado, a mobilização pode voltar a qualquer momento.
“Vamos ver o que vão decidir, se vai voltar a greve, se vai judicializar o acordo coletivo. O que vai acontecer é a categoria que decide amanhã, às 18h”, explicou.
O período da greve durou 25 dias, entre suspensões e manutenções da paralisação. A interrupção da paralisação foi acordada na última sexta-feira (25), durante assembleia dos trabalhadores, que também votaram favoráveis às ações propostas sobre garantia de empregos em caso de privatização, garantia do Dia do Ferroviário e redução de horas de trabalho para quem tem filhos com deficiências, sem que haja qualquer redução salarial. Com essa pausa, o sistema está funcionando plenamente, todos os dias.
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O atual piso da categoria, segundo Luiz, está na casa dos R$ 2.300,00 e o que os trabalhadores estão reivindicando é para que o valor suba para R$ 2.400,00. A justificativa que a CBTU usa é de que o Tribunal de Contas da União (TCU) impede esse aumento. O reajuste do ticket também está abaixo do recomendado pelos trabalhadores, sendo oferecido um acréscimo de 2,71%. O pedido pela estabilização dos empregos em caso de privatização do metrô também passou longe de ser atendido.
O que diz a CBTU?
Por meio de nota, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) alegou que o prazo final de celebração do acordo para que haja retroativo à data-base (01/05/2023) se encerra no dia 06/09/2023, conforme os parâmetros da Secretaria de Coordenação das Estatais (SEST). A empresa reiterou ainda o compromisso em celebrar um acordo coletivo em tempo breve.
Parlamentares já andaram de metrô e avaliaram sistema
Durante a paralisação, no dia 21 de agosto, ainda durante a greve, com ar condicionado e vagões vazios, alguns parlamentares experimentaram o Metrorec para avaliar as condições do sistema para, possivelmente, solicitarem auxílio do Governo Federal para manutenção do modal.
À época, o senador Humberto Costa (PT) disse que a situação do modal era estarrecedora. O sucateamento também foi uma das deficiências do metrô que chamaram atenção do líder da Comissão de Assuntos Sociais do Senado,
"O que nós vimos foi uma situação estarrecedora; é um sucateamento que foi realizado nos últimos dois governos, com redução de recursos de custeio e investimento. Mas, ao mesmo tempo, nós vimos o potencial que o metrô tem, seja pela expertise ou pela estrutura. O que nós precisamos, nesse momento, antes de qualquer discussão, é garantir que esse processo de sucateamento estanque", explicou.