Meio ambiente

Cemitério de carros elétricos na China viraliza e especialistas alertam sobre o impacto na natureza

Imagens do local colocam em pauta uma grande dúvida sobre o assunto, que são os custos de manutenção das baterias ao final da vida útil dos carros

Cemitério de carros elétricos na ChinaCemitério de carros elétricos na China - Foto: Divulgação

A China se tornou uma potência mundial na fabricação e vendas de veículos elétricos, mas o aumento da produção destes carros vem tendo um efeito negativo no país: a criação de "cemitérios" de automóveis abandonados. As imagens destes verdadeiros cemitérios vêm viralizando em todo o mundo e colocam em pauta uma grande dúvida sobre o assunto, que são os custos de manutenção das baterias ao final da vida útil dos carros.

Um fato que chama atenção é que muitos deles parecem novos. Num dos cemitérios de veículos elétricos flagrados na China há mais de 10 mil carros elétricos abandonados. Todos os modelos são na cor branca, de diversas marcas, como Geely Kandi K10 EV, o Neta V e BYD, cuja produção é recente. Incluisve, muitos ainda mantém os plasticos cobrindo seus assentos. 

Teorias para o cemitério 

A pergunta principal é: por que tantos desses carros elétricos novos estão sendo abandonados na China? Uma teoria defendida pelo youtuber sul-africano Winston Frederick, mais conhecido como Serpentza, que viveu por 14 anos na China, que publicou um vídeo sobre o assunto em seu canal, aponta para um possível esquema fraudulento de vendas infladas. Quanto maior a produção, mais carros são contados nos relatórios enviados pelas empresas ao governo da China para recebimento de subsídios.

Para Serpentza, os vários cemitérios de carros elétricos espalhados pela China nada mais são do que um golpe de investimento, no qual os golpistas prometem ganhos acima da média do mercado com pequenos riscos para o investidor. Os milhares de carros elétricos novos e devidamente emplacados, prontos para rodar, mas apodrecendo nos pátios, seriam fruto de um esquema de vendas fictícias.

"É preciso verificar qual o real motivo desse abandono. Uma questão que fica é: será que é um esquema de vendas infladas? Todavia, é preciso considerar que tudo na China é superdimensionado. Afinal de contas, ela está competindo com a Índia como o país mais populoso e mais denso do mundo. Então, uma falha de fabricação, por exemplo, que não tivesse jeito com o recall, como é feito no Brasil, geraria uma quantidade expressiva de carros descartados", alerta Francisco Cunha, sócio e fundador da TGI Consultoria.

Impactos ambientais 

A principal preocupação é com o meio ambiente, já que as baterias de carros elétricos sem manutenção adequada por longos períodos representam um risco ao meio ambiente. A degradação desses produtos na natureza causa um impacto enorme ao planeta, já que produção das baterias lança no meio ambiente quantidades significativas de monóxido de carbono, substância que colabora com o aumento do efeito estufa no planeta.

De acordo com o ativista ambiental Sérgio Xavier, as novas tecnologistas precisam também vir com um grande programa de economia circular. "As baterias têm efeitos muito graves se não forem direcionadas de forma adequada para reciclagem, para reaproveitamento de materiais. Já há tecnologia para isso, inclusive no Brasil. Para toda a indústria de veículos elétricos, para toda a indústria de energias renováveis, para toda a indústria do século 21 que tem que estar comprometida com a redução de emissões, com a redução de poluições, com a redução de resíduos inadequados sendo jogados na natureza, realmente precisa haver um grande compromisso nesse novo modelo econômico que o mundo precisa", pontua Xavier.

Francisco Cunha também alerta que os carros elétricos não vieram para salvar o planeta e sim para salvar a indústria automobilística, que hoje é predominantemente emissora de gases de efeito estufa. "Em termos de mobilidade, nós devemos pensar não na substituição de carros com combustíveis fósseis por carros elétricos, mas sim em ampliar e dar apoio e garantir o fluxo nos outros modos de deslocamento, que são a pé, de bicileta e transporte coletivo. Esses de fato é que são os transportes sustentáveis", explica.

Até então, apesar do polêmico vídeo sobre o cemitério  de carros elétricos divulgado por Serpentza, nenhuma das montadoras chinesas citadas se manifestou sobre a teoria do youtuber. 

 

 

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