Centenas de israelenses participam de funerais de soldados mortos em Gaza
Os funerais começaram no dia seguinte, de acordo com a tradição judaica
Apesar da chuva, centenas de israelenses se reuniram, nesta terça-feira (23), entre os ciprestes e os leitos de flores do cemitério militar do Monte Herzl, em Jerusalém, para participar dos funerais dos soldados mortos no dia anterior em Gaza.
O Exército israelense sofreu na segunda-feira suas maiores baixas desde o início da ofensiva terrestre no estreito território palestino, com a morte de 24 soldados, sendo 21 deles reservistas.
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Os funerais começaram no dia seguinte, de acordo com a tradição judaica.
"Não conhecia pessoalmente a pessoa que morreu, mas é como se fosse meu irmão", afirma Hallel Weinstein, uma estudante de 22 anos que viajou de Tekoa, um assentamento israelense na Cisjordânia ocupada, a cerca de 15 km de Jerusalém.
"Porque somos uma nação e todos nos sentimos unidos. Quando um membro da família fica ferido, todos nos unimos", acrescenta.
Assim como ela, muitos chegaram aos funerais sem sequer conhecer os soldados, homenageados entre pinheiros e flores de ciclame.
"Nos sentimos unidos", diz Raz Itzhaki, um financista que compareceu como sinal de solidariedade. "Temos que ensinar ao mundo e à nossa nação o que é importante: a unidade", continua.
A multidão se aperta sob uma tenda. Na entrada, são distribuídos lenços. As pessoas choram e se abraçam.
As orações fúnebres se sucedem para os soldados cujos familiares escolheram enterrá-los no principal cemitério militar do país.
O cemitério fica ao lado das sepulturas de grandes figuras nacionais, como o pai do sionismo Theodor Herzl ou a ex-primeira-ministra Golda Meir.
Crisântemos multicoloridos
Nas tumbas, a terra ainda está fresca. Nas últimas semanas, muitos enterros foram realizados.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas em solo israelense em 7 de outubro, que deixou mais de 1.140 mortos, em sua maioria civis, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais israelenses.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, no poder em Gaza desde 2007, e lançou uma vasta operação militar que deixou 25.490 palestinos mortos, a grande maioria mulheres e menores, segundo o Ministério da Saúde do território.
Desde o início das operações terrestres em 27 de outubro, 221 soldados israelenses morreram. Outros nove morreram na fronteira com o Líbano, no norte, cenário de trocas de agressões diárias entre as forças israelenses e o movimento libanês Hezbollah.
Cada vez mais pessoas chegam ao cemitério. Os enterros se sucedem e os caixões chegam cobertos com bandeiras israelenses. No chão, coroas de crisântemos de todas as cores são colocadas sobre eles.
"Quando um soldado morre em combate, é triste. Mas peço a vocês que sejam felizes", escreveu Elkana Wiesel, de 35 anos, em uma carta para seus familiares. Ele foi o segundo soldado a ser enterrado na terça-feira. "Cantem muito, segurem as mãos e apoiem uns aos outros", pediu.
Apesar do choro, os presentes se esforçam e entoam melodias e cantos tradicionais judaicos.
Um grupo de mulheres que conhece a mãe de Hadar Kapeluk, um soldado de 23 anos que faleceu, deixa o local. Elas continuam chocadas.
"Tinha que vir para apoiar os soldados que protegem nosso país", diz uma delas, Adina Nir.