Centenas se manifestam na Síria por democracia e direito das mulheres
"Não existe nação livre sem mulheres livres", dizia faixa durante a manifestação
Centenas de pessoas se reuniram no centro de Damasco, nesta quinta-feira (19), para exigir democracia e defender os direitos das mulheres, mais de dez dias após a queda da capital síria para uma coalizão liderada por islamistas radicais.
"Queremos democracia, não um estado religioso", "Síria, estado livre e secular", cantavam os manifestantes, homens e mulheres, reunidos na emblemática Praça Umayyad, observou um repórter da AFP.
"Não existe nação livre sem mulheres livres", dizia uma faixa.
"Nós, sírios, homens e mulheres, temos um papel a desempenhar na construção da nova Síria", disse Majida Mudares, uma manifestante de 50 anos. "A era do silêncio acabou", acrescentou esta funcionária pública aposentada.
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Em 8 de dezembro, uma coalizão de grupos rebeldes, liderada pelos islamistas do Hayat Tahrir al Sham (HTS), depôs Assad, que fugiu para Moscou, após ter governado a Síria com mão-de-ferro por mais de 20 anos.
A aliança rebelde tomou Damasco, a capital, após uma ofensiva-relâmpago de 11 dias, iniciada na província de Idlib, no noroeste do país.
As novas autoridades prometeram respeitar as liberdades e "os direitos de todos". Mas muitos temem que suas orientações islamistas tomem a dianteira.
O HTS afirma ter rompido com o jihadismo, mas o grupo segue sendo classificado como movimento "terrorista" por vários países ocidentais, entre eles os Estados Unidos.
Uns poucos combatentes armados, alguns usando balaclavas, participaram da manifestação.
Um deles afirmou que "a revolução só triunfou pela força das armas", sendo vaiado por manifestantes, que gritavam "abaixo o governo dos militares".
O protesto desta quinta-feira foi um "golpe preventivo", que busca impedir a instauração de um regime conservador, afirmou a atriz Raghda al Jatib.
Obaida Arnaout, encarregado político das novas autoridades, causou comoção há alguns dias, ao afirmar ser "prematuro" que "as mulheres" fossem representadas "em cargos ministeriais ou parlamentares".
Durante o regime de Assad, as mulheres ocupavam entre 20% e 30% dos postos ministeriais e parlamentares.