Central de Transplantes pede retestagem de amostras de doadores feitas por laboratório investigado
Amostras de sangue dos pacientes que doaram córnea, ossos ou tecidos deverão ser analisadas novamente
O diretor do Central de Transplantes do estado do Rio de Janeiro, Alexandre Souza Cauduro, solicitou à Secretaria Estadual de Saúde que faça, com urgência, uma nova testagem em todas as amostras de sangue de doadores de órgãos armazenadas no banco de tecidos de Volta Redonda, no Sul Fluminense. Deverão ser retestadas amostras de córnea, ossos ou tecidos analisadas pelo PSC Saleme.
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O laboratório está sendo investigado, após a descoberta da contaminação de pelo menos seis pessoas pelo vírus HIV após transplante. O ofício, ao qual O Globo teve acesso, foi encaminho à pasta nesta terça-feira (15).
O Banco de Olhos de Volta Redonda é responsável pela captação de tecido ocular em 34 cidades do estado do Rio. A unidade funciona há 10 anos no Hospital São João Batista e é referência, servindo de modelo, inclusive, para outros estados.
O laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS Saleme) foi fechado e quatro de seus funcionários tiveram a prisão decretada pela Justiça. Três pessoas, incluindo um dos sócios, já está preso. Também foi detida a funcionária Jacqueline Iris Barcellar de Assis, de 36 anos, cuja assinatura aparece em um dos laudos que atestaram que os doadores de órgãos não tinham HIV.
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Em entrevista ao Globo, no último domingo, Jacqueline reconheceu que as rubricas nos documentos são suas, mas negou qualquer envolvimento no caso. Ela disse que sequer é biomédica.
O número de registro no Conselho Regional de Biomedicina (CRBM) que consta no documento como sendo dela é de outra pessoa, que mora fora do Rio e não exerce mais a profissão, como mostrou a TV Globo.
Jacqueline assina ao menos cinco laudos no Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC). A unidade, que funciona na Zona Norte da capital, é considerada uma das principais emergências do estado do Rio de Janeiro, e administrada pela Fundação Saúde.
Os exames, aos quais O Globo teve acesso, mostram a assinatura de Jacqueline e um número de registro no Conselho Regional de Biomedicina (CRBM) que, na verdade, pertence a outra profissional.