CEO da OceanGate ignorou alertas sobre segurança do submarino que implodiu
Stockton Rush era um dos cinco passageiros do submersível que desapareceu no Atlântico
O CEO da OceanGate, Stockton Rush, ignorou alertas feitos sobre problemas de segurança do submersível Titan, que implodiu quando realizava uma visitação turística aos destroços do Titanic, no Oceano Atlântico. Os avisos estão em e-mails trocados entre Rush e um importante especialista em exploração em alto mar, obtidos pela BBC.
Na conversa, Rob McCallum a Rush que ele estava potencialmente colocando seus clientes em risco, pedindo a ele interrompesse o uso do submarino até que ele fosse certificado por uma agência independente. Rush respondeu que estava "cansado de participantes da indústria que tentam usar um argumento de segurança para impedir a inovação", segundo a BBC.
A conversa entre eles terminou após os advogados da OceanGate ameaçarem tomar medidas legais, disse McCallum. Nas mensagens, Rush se mostrava frustrado com as críticas à segurança do Titan.
"Ouvimos os gritos infundados de 'você vai matar alguém' com muita frequência", escreveu ele. "Tomo isso como um sério insulto pessoal."
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Rush já havia admitido ter quebrado "algumas regras" para construir e colocar em operação o submarino. O empresário fez um tour pelas estruturas do submersível com o ator mexicano, Alan Estrada, que publicou a entrevista em seu canal no YouTube, há um ano.
Em outra entrevista, o CEO disse que, a partir de um certo ponto, "segurança é desperdício". E, durante a conversa com Estrada, ao exibir as tecnologias empregadas no Titan, Rush afirmou que gostaria de ser lembrado como um "inovador".
— Gostaria de ser lembrado como um inovador. Acho que foi o general McArthur que disse: você será lembrado pelas regras que você quebrou. Eu quebrei regras ao fazer isto, eu acho que as quebrei com lógica e boa engenharia de suporte. Misturar fibra de carbono e titânio é uma regra que você não quebra, mas eu quebrei. É escolher que as regras que você quebre adicionem valor para os outros e para a sociedade, e acho que isso tudo tem a ver com inovação. Não é invenção — ressaltou o CEO, para quem uma inovação é uma invenção "que passa a ser aceita amplamente".
Na conversa, Rush mostra a Estrada, por exemplo, a mistura de fibra de carbono e titânio que compõe a estrutura total da nave aquática. Também dá detalhes sobre a única janela que permite a visão direta do oceano para quem está dentro do oceano.
— É acrílico, flexiglass, com sete polegadas de espessura. É grande, pesa 80 libras (176 kg). Quando a gente se aproximar do Titanic vai se encolher, vai se deformar. Antes de quebrar ou dar falha, começa a crepitar e você recebe uma enorme advertência se for falhar — explicou Rush.
Ao ator Alan Estrada, Rush disse que a exploração oceanográfica deveria ser pensada como a exploração espacial. Para ele, o futuro da humanidade seria subaquático.
— É aqui onde nós vamos encontrar as estranhas novas formas de vida. O futuro da humanidade é subaquático; não está em Marte. A gente não vai ter uma base em Marte ou na Lua. Vamos tentar, vamos desperdiçar muito dinheiro, mas vamos ter sim uma base subaquática. Quando o sol se extinguir, ainda vai ter essas formas de vida lá embaixo vivendo — destacou o CEO.