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ESTADOS UNIDOS

CEO do TikTok é convidado para posse de Trump e deve se sentar em lugar de honra no palco

Republicano toma posse na segunda-feira e um de seus primeiros atos deve ser emitir ordem executiva que lhe daria até 90 dias para encontrar uma solução para manter o aplicativo nos EUA

TikTok TikTok  - Foto: Olivier Douliery/AFP

O CEO do TikTok, Shou Chew, planeja comparecer à posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, na próxima segunda-feira. Ele foi convidado a se senta em uma posição de honra no palco, onde ex-presidentes, familiares e outros convidados importantes tradicionalmente são acomodados, segundo fontes citadas pelo jornal americano The New York Times.

Trump, que assume o cargo um dia depois do fim do prazo para entrar em vigor a decisão de banir o TikTok do país, tem buscado maneiras de '"salvar" o aplicativo chinês, que ele mesmo tentou impedir de atuar no seu governo anterior. Após tomar posse, um de seus primeiros atos deve ser emitir uma ordem executiva que lhe daria entre 60 e 90 dias para encontrar uma solução para manter o aplicativo acessível para os americanos, segundo o jornal The Washington Post.
 

O convite a Chew foi enviado pelo comitê que trata da posse de Trummp. Ele se juntará a magnatas da tecnologia, incluindo Mark Zuckerberg (CEO da Meta), Elon Musk (dono do X) e Jeff Bezos (fundador da Amazon).

O aplicativo, pertencente à empresa chinesa ByteDance, que tem até domingo, dia 19, para encontrar um comprador nos EUA a fim de continuar operando no país. Caso contrário, terá de deixar o mercado americano.

Embora o TikTok tenha contestado essa proibição iminente em um recurso apresentado à Suprema Corte dos EUA, os juízes indicaram, durante as discussões no dia 10 deste mês, que provavelmente manterão a lei que determina o futuro do aplicativo, assinada pelo presidente Joe Biden no ano passado.

— Vamos encontrar uma maneira de preservá-lo (o TikTok), mas protegendo os dados das pessoas — disse Mike Waltz, conselheiro de segurança nacional do governo Trump, à Fox News na quarta-feira.

Democratas também correm contra o tempo
Além do republicado Trump, os democratas também estão procurando maneiras de dar uma trégua ao TikTok. A NBC News informou na noite de quarta-feira que o governo Biden está buscando um caminho para que o aplicativo continue disponível. A emissora citou um funcionário anônimo do governo dizendo que o TikTok não será repentinamente desligado.

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Um grupo de legisladores democratas, incluindo três senadores — Edward Markey, Ron Wyden e Cory Booker —, apresentou nesta semana o 'Ato para Estender o Prazo do TikTok', que daria mais 270 dias para a empresa chegar a um acordo sobre seu futuro.

— Dezenas de milhões de americanos usam o TikTok para entretenimento, negócios e redes sociais, inclusive eu — disse Booker. — Os americanos não devem ser impedidos de se expressar livremente nas plataformas que escolhem. Eu acredito que a ByteDance deveria se desfazer do TikTok, mas deve ser dado tempo suficiente para realizar a venda.

Embora a ByteDance tenha se recusado a vender o ativo, no início desta semana, pessoas familiarizadas com o assunto disseram que autoridades chinesas estavam avaliando a possibilidade de Elon Musk adquirir as operações americanas do TikTok, caso a empresa não consiga evitar a proibição.

Musk e seus representantes não responderam a um pedido de comentário. Um representante da ByteDance disse que a empresa “não pode comentar algo que é pura ficção”.

E, na semana passada, o grupo de defesa da internet Project Liberty, do empresário Frank McCourt, disse ter apresentado uma proposta para comprar o TikTok. Um porta-voz do Project Liberty disse à CNBC que o grupo não iria divulgar os termos financeiros da oferta, mas confirmou que a ByteDance recebeu a proposta.

Empregos serão garantidos
O TikTok buscou tranquilizar seus funcionários nos Estados Unidos, garantindo que eles ainda terão empregos na próxima semana, mesmo que a Suprema Corte mantenha a lei que proibe o aplicativo de vídeos no país a partir de domingo.

A mensagem representa uma mudança de tom da empresa, que até então demonstrava confiança de que venceria a disputa judicial contra a lei. Isso também indica que a companhia não planeja deixar os Estados Unidos no curto prazo, mesmo que o aplicativo seja banido.

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Na terça-feira, o TikTok enviou uma mensagem aos funcionários reconhecendo a incerteza sobre a decisão iminente e garantindo que eles continuariam sendo pagos. A Suprema Corte deve tomar uma decisão antes de a lei entrar em vigor no domingo.

“Seu emprego, salário e benefícios estão seguros, e nossos escritórios permanecerão abertos, mesmo que esta situação não seja resolvida antes do prazo de 19 de janeiro”, escreveu Nicky Raghavan, chefe global de recursos humanos do TikTok, na mensagem obtida pelo The New York Times.

“A lei não foi redigida de forma a impactar as entidades nas quais você está empregado, apenas a experiência dos usuários nos EUA.”

A lei prevê punição a lojas de aplicativos e serviços de hospedagem na internet por distribuírem ou atualizarem o aplicativo TikTok, proibindo efetivamente a plataforma. No entanto, não obrigaria o fechamento dos escritórios do TikTok nos Estados Unidos.

A nota do TikTok, que elogiou os funcionários por sua “resiliência e dedicação”, foi uma das poucas comunicações internas da empresa que reconheceram sua batalha judicial nos últimos meses.

Executivos, em alguns momentos, trataram a situação com leveza, sugerindo, em uma reunião geral, que um dia isso seria tema de um filme de Hollywood, relataram alguns deles.

A mensagem foi enviada para um canal interno chamado “U.S. Team News”, com mais de 13 mil funcionários. A empresa já havia informado anteriormente que tem mais de sete mil funcionários no país.

“Enquanto aguardamos a decisão da Suprema Corte dos EUA antes de 19 de janeiro, sabemos que vocês têm muitas perguntas e gostaríamos de poder fornecer um roteiro claro sobre os próximos passos”, escreveu Raghavan. “Sabemos que é desconfortável não saber exatamente o que acontecerá a seguir”, disse a empresa.

No rastro do possível banimento do TikTok
À medida que se aproxima uma possível proibição do TikTok nos EUA, os maiores acionistas da Xiaohongshu - rede chinesa que virou refúgio para usuários do TikTok - estão em negociações para vender ações do serviço chinês semelhante ao Instagram, avaliando a empresa em pelo menos US$ 20 bilhões. As conversas estão atraindo o interesse de grandes nomes como a chinesa Tencent.

Os financiadores GGV Capital, GSR Ventures e Tiantu Capital estão negociando a venda de parte de suas participações na plataforma, considerada a alternativa mais próxima do Instagram na China e uma das várias alternativas viáveis ao TikTok, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto .

De acordo com a Bloomberg, a Xiaohongshu tornou-se o aplicativo gratuito mais baixado no iOS pela primeira vez nesta semana. E, também nesta semana, reforçando as preocupações de que o TikTok em breve será efetivamente banido nos EUA, o aplicativo de mídia social chinês RedNote disparou para o topo da loja de aplicativos da Apple.

Fundos que demonstraram interesse incluem acionistas existentes, como o HongShan Capital Group (antigamente Sequoia China Capital) e a Hillhouse Investment, disseram as fontes, que pediram anonimato. A Tencent também está avaliando a possibilidade de adquirir mais ações, acrescentou uma das fontes.

Um acordo bem-sucedido pode elevar a avaliação da Xiaohongshu aos níveis vistos durante seu auge em 2021, justamente quando a empresa de mídia social atrai uma onda de usuários americanos que estão abandonando o TikTok. Esse movimento seria um impulso para uma oferta pública inicial (IPO), que o setor espera que ocorra ainda este ano, dependendo das condições do mercado.

Ainda assim, a transação não foi concluída porque diversos acionistas existentes têm direito de preferência e prioridade para comprar ações em qualquer venda, disseram as fontes.

Fundada em 2013 por Charlwin Mao Wenchao e Miranda Qu Fang como um guia de compras para turistas chineses, a Xiaohongshu agora conta com cerca de 300 milhões de usuários ativos mensais.

A empresa, cujo nome significa literalmente "pequeno livro vermelho", começou como uma plataforma para compartilhar fotos pessoais de viagens e gastronomia, semelhante a seu primo americano, antes de expandir para resenhas e compras ao vivo.

Mesmo antes de um potencial banimento do TikTok ganhar força, alguns investidores já estavam aproveitando o crescimento acelerado da empresa no período pós-Covid.

A Xiaohongshu — pronunciada aproximadamente como "Xáu Hong Xiu" — se destaca no setor de startups da China, que tem sido abalado por repressões regulatórias e pela diminuição de capital global devido às tensões entre Estados Unidos e China. A empresa estava a caminho de dobrar seus lucros para mais de US$ 1 bilhão em 2024, segundo reportagem da Bloomberg News em dezembro.

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