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EUA

CEOs da indústria siderúrgica dos EUA pedem que Trump não recue da taxação do aço importado

Itamaraty conversa com governo americano enquanto representantes das maiores empresas do setor nos EUA atacam possibilidade de cotas e dizem que questão é de segurança nacional

Instalações da United States Steel em Clairton, PensilvâniaInstalações da United States Steel em Clairton, Pensilvânia - Foto: Justin Merriman

Os CEOs das três maiores siderúrgicas americanas pediram ao presidente Donald Trump que resista a fazer qualquer concessão na decisão de taxar em 25% todas as importações de aço, medida que atinge o Brasil.

Eles afirmam que trocar a taxação por cotas, adotadas na primeira gestão do republicano, não adiantou e que manter as tarifas anunciadas como estão é questão de segurança nacional.

O pedido acontece após o vice-presidente Geraldo Alckmin discutir o assunto com altos representantes do governo Trump, em busca de uma negociação que preserve os produtores brasileiros, e da abertura de diálogo do chanceler Mauro Vieira com o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer.

No total, nove altos executivos da indústria siderúrgica dos EUA enviaram uma carta a Trump dizendo que as cotas concedidas no primeiro mandato do republicano a alguns países (caso do Brasil) permitiram maiores volumes de importação que amorteceram o impacto original dos impostos.

Entre os signatários estão os CEOs Leon Topalian, da Nucor; David Burritt, da US Steel; e Lourenco Gonçalves, da Cleveland-Cliffs.

“Milhões de toneladas de exclusões específicas de produtos foram concedidas, mesmo para produtos prontamente disponíveis de fornecedores nacionais.

O resultado foi uma indústria siderúrgica dos EUA enfraquecida, exposta novamente à crise global de excesso de oferta de aço. Pedimos que você resista a quaisquer solicitações de exceções ou exclusões e continue firme em nome do aço americano”, diz a carta, que surge num momento em que empresas e países fazem lobby na Casa Branca para tentar uma isenção das tarifas, argumentando que as taxas aumentarão os preços para os consumidores americanos.

Na quinta-feira, Alckmin, que além de vice-presidente é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, teve uma videoconferência com os dois principais responsáveis pelo tema na equipe de Trump: o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o representante comercial americano, Jamieson Greer. Segundo o ministério, os dois lados "concordaram em manter, nos próximos dias, reuniões bilaterais".

Nesta sexta-feira, o Itamaraty informou que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, conversou por 40 minutos com Jamieson Greer sobre a política comercial dos EUA, e ficou acertado que haverá reuniões técnicas entre representantes dos governos a partir da semana que vem.

A pressão da indústria siderúrgica dos EUA para que Trump não ceda acontece no pior ano do setor desde o primeiro mandato do republicano, já que a fraca demanda por construção, a inflação e os altos custos de empréstimos criaram um triplo golpe nos lucros. A

s importações aumentaram em 2024, mas permaneceram abaixo dos níveis de 2021 e 2022, de acordo com dados do Departamento de Comércio.

A ameaça iminente de tarifas fez com que houvesse uma corrida por compras antecipadas de aço no mercado americano. Resultado: o preço do metal produzido nos EUA dispararou nas últimas semanas e ficou mais de 20% mais caro que o importado.

Em janeiro, uma tonelada de aço estava sendo vendida por menos de US$ 700 a tonelada. No final de fevereiro, os produtores nacionais estavam cotando preços aos clientes de até US$ 1.000.

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