Ceratocone: doença que atinge a córnea e pode resultar em transplante. Saiba sintomas e tratamentos
Em casos leves, o uso de óculos de grau e lentes de contato podem ser suficientes
A consulta periódica ao oftalmologista pode ajudar a identificar doenças que se agravam caso não sejam diagnosticadas precocemente. É o caso do ceratocone, uma degeneração no olho que modifica o formato da córnea, deixando-a mais fina e protrusa, alcançando a forma de um cone.
Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, a doença geralmente é diagnosticada pela primeira vez em adolescentes e jovens e, em casos leves, pode ser tratada com o uso de óculos de grau ou lentes de contato especiais. A oftalmologista Giovanna Oiticica, subespecializanda em córnea e catarata, destaca que a intensidade da baixa visual varia de acordo com o estágio da doença.
“A córnea de um olho normal possui a superfície regular e os raios de luz conseguem focar na retina e formar uma imagem nítida. Com a mudança no formato da córnea nos portadores de ceratocone, a superfície se torna irregular, fazendo com que a imagem formada seja distorcida”, explicou. Como ressalta a médica, apenas nos casos mais avançados, quando nenhum outro tratamento é capaz de oferecer boa visão, é indicado o transplante de córnea: “Quanto antes for feita a identificação da doença, maiores as chances de tratamentos mais conservadores e de não evoluir para uma piora visual importante”.
O oftalmologista Luiz Felipe Lynch, que há mais de 10 anos atua como voluntário em departamento de córnea cirúrgica, explica que o aparecimento de miopia e astigmatismo pode estar associado ao ceratocone e que o principal exame de rastreio é a topografia de córnea. “A córnea é uma estrutura do olho que funciona como uma lupa. E, para você enxergar bem, essa lupa tem que ter uma curvatura certinha e ser transparente”, comenta.
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Para diminuir a evolução da doença, as pessoas devem evitar coçar os olhos e estar atentas, por exemplo, à higiene das lentes de contato: “O ceratocone é uma doença que caracteristicamente pode ser piorada bastante pela coceira do olho. Já as lentes desgastadas ou mal adaptadas podem prejudicar o olho e favorecer o aparecimento de infecções”.
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De acordo com o médico, é provável que pacientes que descobrem a doença já adultos a tenham, na verdade, há mais tempo. É o caso da economista Natália Araújo, de 34 anos, diagnosticada aos 25: “Eu nunca fui uma pessoa muito disciplinada com questões de saúde, então meu grau foi aumentando e ao invés de procurar um médico oftalmologista, eu ficava indo em óticas”, contou. Quando soube que tinha ceratocone, a doença já estava avançada: “O médico me falou que no olho esquerdo já estava avançado, que nenhum outro procedimento iria me ajudar a não ser o transplante de córnea. E, no olho direito, a gente poderia começar um tratamento para poder cuidar e não deixar chegar no transplante”.
O tratamento usado no olho direito foi o crosslinking, que promove um aumento das ligações da córnea, seguido pelo implante de um anel ocular, que tem o objetivo de auxiliar na regularização da deformação corneana. Hoje, inclusive, ela também faz uso de lentes esclerais. “É uma lente diferenciada, que se adapta, então é mais fácil você ter o conforto e conseguir usar”, frisou.