Céu laranja em Nova York: jovens usam fone de ouvido de mais de R$ 4 mil como proteção da poluição
Equipamento da Dyson Zone tem purificador de ar acoplado, mas pode ser não suficiente para conter substâncias tóxicas em meio ao impacto de incêndios florestais no Canadá
Nuvens de poluição tóxica perigosa tomaram os céus de várias cidades dos Estados Unidos em decorrência de centenas de incêndios florestais no Canadá. Autoridades americanas emitiram alertas sobre a qualidade do ar em uma ampla faixa do país.
Depois que a cidade de Nova York registrou suas piores leituras de qualidade do ar em décadas, jovens lançaram mão de um equipamento que antes parecia mais adequado a um futuro distópico: um fone de ouvido com purificador de ar acoplado, vendido a não menos que US$ 949 — ou mais de R$ 4,6 mil, na cotação atual.
— Todo mundo está achando graça de mim por eu estar usando o Dyson Zone, mas aqui estamos nós numa Nova York que parece apocalíptica por causa da qualidade do ar e da fumaça dos incêndios florestais. Então eu vou usar isso aqui por aí — relatou a americana Kate Kosuch, no TikTok.
O fone Dyson Zone apareceu no mercado americano este ano. Suas versões mais equipadas, com até oito acessórios, podem chegar a US$ 999,99 (quase R$ 4,9 mil). Assim como Kate Kosuch, internautas americanos até então usavam o equipamento para se protegerem da poluição urbana.
Nesta semana, Colin Rocker também fez questão de mostrar aos seguidores do TikTok que o utensílio veio bem a calhar para o problema ambiental.
"Ponto de vista: o ar de Nova York continua mentolado porque você tem o fone de ouvido Dyson", escreveu o TikToker num vídeo andando na rua com o aparelho. "Uma verdadeira solução para a poluição".
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Quarta-feira foi de longe o pior dia registrado nos EUA para fumaça de incêndio desde 2006, de acordo com pesquisa de cientistas da Universidade de Stanford, o que significa que o maior número de americanos experimentou um dia em que a qualidade do ar foi considerada insalubre para todas as faixas etárias.
Quando anunciou o lançamento do produto, a Dyson chamou mais a atenção pelo formato — que deixa o usuário com um visual de robô, de ciborgue, comparado ao de filmes futuristas. Foi o primeiro item vestível da empresa, com público-alvo em pessoas que vivem em grandes metrópoles e centros urbanos poluídos.
O fone vem acoplado com um pequeno filtro a ser encaixado em frente à boca e ao nariz do proprietário, prometendo bombear ar fresco e filtrar até 99,97% das partículas no ar, além de mofo e bactérias. São dois motores elétricos que ativam os compressores, formados por uma camada dupla, contando com carbono enriquecido com potássio para impedir a passagem dos gases nocivos.
Mas nem todos os usuários aprovaram a ideia de usar o fone em meio ao "céu laranja" de Nova York. Deniz Medeiros, por exemplo, publicou um texto no site "teg6" no qual relata a sua experiência.
"Quando analisei o Zone em abril, o aspecto da purificação do ar parecia mais ficção científica do que a vida real. Meus maiores inimigos eram a fumaça fedorenta do escapamento dos carros, o sistema de metrô de Nova York e talvez algum pólen excessivo. Para mim, o Zone de $ 949 parecia um dispositivo procurando resolver algum problema distante – no futuro ou em locais distantes com pior qualidade diária do ar", reconheceu o homem, no texto.
No artigo, ele conta que abriu o aplicativo do fone enquanto caminhava pela cidade com ele no rosto e notou que o aparelho apontava uma boa qualidade do ar que ele respirava. No entanto, segundo Medeiros, o ar ainda cheirava "como se alguém estivesse queimando ml cigarros". Ele explicou que o dispositivo determina a qualidade do ar com base na concentração de dióxido de nitrogênio e “outros gases oxidantes”, e não a qualidade do ar como um todo.
O homem ainda ressaltou que o purificador de ar não vedou totalmente ao redor do nariz e da boca e classificou a máscara N95 como mais efetiva para a proteção.
"Senti uma explosão fria de ar com cheiro visivelmente mais limpo em meu rosto? Sim. Foi refrescante? Um pouco, sim. Eu também cheirei e respirei a horrível paisagem infernal ao meu redor? Também sim. Com a máscara N95 colocada, no entanto, não senti como se aquele bolsão de ar mais limpo tivesse passado", concluiu Medeiros.